A gente sabia que não ganharíamos essa eleição sozinhos!
(Chico Vigilante)
Por Tony Zucco. As recentes cenas de fome de cargos e luta pelo poder de algumas pessoas do PT que ajudam na transição do governo do Distrito Federal gerou reações dentro do próprio partido. Um exemplo foi o discurso que o deputado distrital Chico Vigilante (PT), petista histórico, pronunciou na cerimônia de transmissão de cargo na Administração Regional de Brazlândia no último dia 03. O ex-administrador regional Professor Nilson transmitiu o cargo a José Luiz Ramos, que volta à administração da cidade depois de curta passagem durante o governo de Cristovam Buarque. Procurador do Distrito Federal aposentado, José Luiz tem raízes em Brazlândia, onde na juventude teve atuação política desde o início identificada com os interesses da liberdade do cidadão contra a ditadura militar e identificado com o Partido dos Trabalhadores desde sua fundação. Apesar das suas ligações, hoje José Luiz não pertence aos quadros do PT, tendo tido uma carreira com notabilidade por sua competência e compromisso com o trabalho. Mas a sua chegada à administração começou marcada, a exemplo de outros setores do GDF, por uma avalanche de companheiros que, à guiza de colaborar, literalmente tomaram de assalto todos os possíveis cargos a serem preenchidos no novo governo. O movimento gerou expectativa e inquietação nos partidos que participaram da coligação para levar Agnelo Queiroz e Tadeu Filippelli à vitória das eleições. E a preocupação chegou às lideranças do PT, como o caso do deputado distrital Chico Vigilante, que aproveitou a cerimônia de transmissão de simbólica do cargo de administrador para dar o seu recado. "Num primeiro momento as pessoas não compreendiam muito que, a partir da possibilidade de fazermos Agnelo Queiroz governador do Distrito Federal, sendo o PT o partido maior, começamos a construir as alianças com outros partidos, para que ele fosse candidato e depois começasse a caminhar, inclusive com o PMDB. A gente sabia que não ganharíamos essa eleição sozinhos! A gente tem a noção exata do tamanho da responsabilidade de ganhar a eleição no Distrito Federal. Mas não é só isso. A gente queria montar um arco de aliados importante, para já começar governando e não acontecer, como aconteceu em 1996, quando a gente tinha praticamente a minoria absoluta na Câmara Legislativa e o professor Cristovam para se sustentar no governo teve de fazer alguns acordos e depois teve de realizar alguns ajustes no governo, inclusive aqui em Brazlândia. Mas hoje é diferente. O PT está aqui apoioando o administrador. Mas os outros partidos também estão. E hoje, principalmente a nós petistas, cabe a humildade de saber que nós não ganharíamos essa eleição sozinhos! E se ganhasse, não governaria. Daí o exemplo importante do Professor Nilson, que ainda administrador, deu o apoio a Agnelo Queiroz! Porque a partir daí ele estava sinalizando a aliança que nós teríamos na cidade e a tranquilidade que a gente daria ao governo. Eu tenho certeza de que o novo administrador vai fazer as transformações necessárias porque hoje ele tem o apoio dos partidos constituídos na cidade, que ficaram muito felizes com a sua nomeação e que vai ter a sociedade, que não pertence a nenhum partido, mas que está apoiando o administrador de Brazlândia" disse Chico Vigilante.Em política, a capacidade de articulação é mais importante até que a capacidade de mobilização. Um exemplo disto é o trabalho do vice-governador e presidente do PMDB do DF Tadeu Filippelli, que atuando nos bastidores está conseguindo costurar importantes acordos para garantir a governabilidade de Agnelo Queiroz.