Justiça manda soltar todos os 439 bombeiros presos
A Justiça concedeu, na madrugada desta sexta-feira, um habeas corpus que garante liberdade a todos os bombeiros presos. Os militares já começam a ser liberados dos locais onde estavam sob custódia.
- Do O Dia - O recurso foi pedido por parlamentares da Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado da Câmara dos Deputados e atendido pelo desembargador Cláudio Brandão.
"Convencido de que a manutenção da prisão não mais se justifica, defiro a liminar requerida e concedo liberdade provisória aos militares presos no episódio mencionado na petição inicial e que constam na relação", informa a decisão do desembargador.Bombeiros presos no quartel de Charitas desde sábado | Foto: Alessandro Costa / Agência O Dia
Na quinta-feira os deputados Alessandro Molon (PT-RJ), Dr. Aluízio (PV-RJ) e Protógenes Queiroz (PC do B-SP) estiveram reunidos com os presos e com manifestantes na Alerj. Hoje eles irão aos quartéis para comunicar a decisão judicial.
"Nós estamos muito felizes (com a liberdade dos bombeiros). Eu e os deputados Protógenes Queiroz e Dr. Aluízio estamos contribuindo para o fim desta crise que estava deixando a nossa cidade em um estado complicado. A manutenção da prisão estaria colocando em risco a ordem pública e isso poderia desestabilizar as coisas por aqui e em outros estados, que já começavam a se mobilizar. Espero continuar contribuindo para um Rio e um Brasil melhores", disse o deputado Alessandro Molon à Rádio Band News.
Nesta sexta-feira, policiais militares, que não quiseram se identificar, fizeram denúncias de que estão sendo impedidos de trabalhar caso demonstrem solidariedade ao movimento por libertação e melhores condições salariais ao Corpo de Bombeiros. O problema acontece especialmente no Batalhão de Choque.
Em solidariedade aos bombeiros, muitos policiais foram trabalhar com camisas vermelhas ou faixas da mesma cor colocadas nas fardas. De acordo com as denúncias, o coronel Rocha, do Batalhão de Choque teria impedido a saída destes PMs para o trabalho nas ruas.
"Fomos impedidos de sair do quartel pelo coronel Rocha, do Choque. Não pudemos sair pelo simples fato de estarmos de camisas ou acessórios vermelhos, indicando que apoiamos o movimento dos bombeiros. Cheguei às 8h e ainda estou aqui", disse um PM à Rádio Band News.
Parentes de policiais militares também fizeram denúncias de que os PMs não podem deixar os quartéis para trabalhar. Na quinta-feira, o comandante-geral da corporação, coronel Mário Sérgio, pediu que os militares evitassem colocar faixas vermelhas em solidariedade aos bombeiros.
A PM declarou que apenas pediu que os bombeiros não deixassem os quartéis com camisas ou faixas vermelhas e que os mesmos, aproximadamente 30, alegaram que não tinham outras blusas para vestir. A corporação informou que todos foram liberados.
Na quinta-feira, Mário Sérgio esteve no Batalhão de Choque e orientou a tropa a não ostentar fitas vermelhas distribuídas por bombeiros na farda ou nas viaturas como muitos têm feito.
Reajuste de 5,58% oferecido pelo governoPressionado pelo movimento dos bombeiros, o governo anunciou, na quinta-feira, a antecipação do reajuste de 5,58% nos salários da categoria, dos agentes penitenciários e policiais civis e militares. A medida representa R$ 78,18 no contracheque do soldado solteiro e sem filhos — vencimentos passam de R$ 1.187, 37 para R$ 1.265,55, já com as gratificações. E R$ 82,49 a mais se tiver dependentes — de R$ 1.414 para R$ 1.496,49. Os militares continuam irredutíveis: não há acordo sem a soltura dos 439 presos.
O reajuste estava parcelado em 1% ao mês até dezembro de 2014. A medida acumula o percentual previsto entre julho e dezembro. O novo salário começa a valer em julho e será pago em agosto. Até dezembro, o valor é o mesmo. A partir de janeiro, volta a incidir 1% sobre os vencimentos.
No quartel de Charitas, em Niterói, o aumento foi recebido com ironia pelos presos. Perfilados, mandaram recado ao governo: “Cidade maravilhosa, cheia de encantos mil, cidade maravilhosa, pior salário do Brasil!”.
Exonerados 22 comandantesOntem, 22 comandantes de quartéis do Corpo de Bombeiros foram substituídos. O comandante-geral, Sérgio Simões, afirma que a mudança não tem ligação com a crise: “Isso não tem nada a ver. É um critério pessoal que envolve duas questões: uma relacionada com o tempo que alguns comandantes já estavam nas suas unidades; e a outra, com a operacionalidade. Busquei quadros com afinidade maior com meu jeito de atuar”.