- Por Erich Decat/Do Blog do Noblat -Os deputados se reúnem amanhã (30) a partir das 16h no plenário da Câmara para votar o processo de cassação da colega Jaqueline Roriz (PMN-DF) por quebra de decoro parlamentar.
O destino da deputada só não deve ser definido amanhã caso ocorra um acordo de última hora dos líderes pelo adiamento. Isso, no entanto, é pouco provável.
O processo de Jaqueline foi avaliado em julho deste ano pelo Conselho de Ética e Decoro Parlamentar.
Na ocasião, o Conselho aprovou, por 11 votos a 3, o parecer do relator Carlos Sampaio (PSDB-SP) a favor do pedido de cassação feito pelo Psol.
No plenário, no entanto, para que a parlamentar seja cassada são necessários 257 votos. Ou seja, maioria absoluta. A diferença dos dois julgamentos é que no de amanhã, o voto é secreto.
Procurado pelo blog, líderes partidários do governo e da oposição deram o tom do que deve ser o julgamento desta quarta-feira.
“Ainda não tenho uma posição partidária. Não conheço o processo. [A cassação] é um comentário que não corre na Casa”, ressaltou o líder do PDT, Giovanni Queiroz (PA).
“Marquei reunião amanhã com a bancada. Até achei estranho, mas está muito quieto. Muita gente nem está sabendo que é amanhã”, disse ao blog o líder do PSC na Câmara, Ratinho Jr.
Segundo ele, a questão também não foi discutida hoje, nem informalmente, nas rodas dos líderes que participaram de reunião no Palácio do Planalto com a presidente Dilma.
Os líderes do PT, Paulo Teixeira (SP), e o do PR, Lincoln Portela (MG), disseram que o tema só será discutido entre as respectivas bancadas horas antes de irem para o plenário.
Nos bastidores, parlamentares do governo e da oposição afirmam que o tema não é prioridade na Câmara e que uma condenação de Jaqueline Roriz pode abrir precedente.
O receio de parte dos deputados é de também perder o cargo em razão de descalabros ocorridos antes de assumirem o mandato.
Jaqueline, herdeira política do ex-governador Joaquim Roriz, é acusada de usar caixa 2 na campanha de 2006. Na época ela disputava uma vaga para a Câmara Legislativa do Distrito Federal.
Após o episódio vir a público, com imagens dela recebendo o dinheiro, Jaqueline assumiu o uso do caixa 2.
Em sua defesa, ela vai alegar, no entanto, que não pode ser condenada porque na época não era parlamentar, apenas “uma cidadã comum”.
Além desse argumento, Jaqueline, ao longo de 25 minutos, apelará para o emocional, lembrando dos momentos que passou desde a denúncia feita contra ela em março deste ano. Na ocasião, ela chegou a adoecer e parar no hospital.
O texto que será lido foi colocado no papel na última sexta-feira (26) e os últimos retoques foram dados hoje, em reuniões com os advogados.
Tudo acertado,o discurso de Jaqueline está previsto para ocorrer depois de o deputado Carlos Sampaio ler o processo. E do advogado de defesa, José Eduardo Alckmin se pronunciar. Ambos também terão 25 minutos.
O pai Roriz acompanhará tudo pela televisão, direto da mansão no Park Way, área nobre de Brasília.