- Por Sandra Cosseti - Estamos indo para Nova York novamente! Viva!! Aquele lugar me fascina! Tudo lá é over! Tudo é mega! Tudo é grandioso!
A grande vantagem dos Estados Unidos, em minha opinião, é que eles sabem tornar a vida cotidiana mais fácil e mais barata. Mas... as coisas não são vendidas em dólar?! Eu explico!
Roupas, sapatos, maquiagens e utensílios domésticos, por lá, custam infinitamente menos do que por aqui, mesmo que se pague em dólar, mesmo que tudo seja fabricado na China, exatamente como os produtos que vêm para o Brasil. Além disso, conseguimos achar por lá muitos itens que, de fato, facilitam a vida de todo mundo: pequenos potes com shampoo, condicionador, hidratante e creme de barbear para se levar em aviões, colheres de cozinha com apoio para que a parte útil não encoste na pia quando as repousamos por lá, paninhos de pia que duram por meses, roupas que também duram bastante, a baixos custos...
Isso sem falar na tecnologia! Ai, a tecnologia! Eu nem sou das maiores fãs de objetos eletrônicos mas, ao se chegar a Manhattan, eu me transformo. Como tudo por lá pulsa incessantemente, eu também começo a pulsar. No ritmo das luzes; no ritmo da cidade.
Visito a loja da Apple praticamente todos os dias, apenas para me deliciar com os aplicativos que ficam expostos por lá.
I Pods, I Phones, I Pads... são milhares de possibilidades, todas à serviço do lazer, todas para facilitar a vida, todas para facilitar a comunicação!
Eu falei facilitar a comunicação? Desculpem-me! Cometi um equívoco! Um grande equívoco!
Sou casada e, como tal, tenho inúmeras amigas casadas. Algumas se casaram recentemente; outras há mais tempo; outras já estão no terceiro casamento. Mas, não importa o tempo de casada, a história é sempre a mesma:
- O meu marido chega em casa e, em vez de ficar junto comigo, conversar comigo, vai direto para o computador, me deixando completamente de lado.
E, neste momento, I Pods, I Phones, I Pads tornam-se sinônimos de I'm all alone
*!
Essa atitude, ao contrário de facilitar, impede totalmente a comunicação do casal. Talvez esses dispositivos sirvam bastante para encurtar algumas distâncias; mas, no âmbito da família, o que eu observo é que isso distancia os seus membros, tornando-os como estranhos uns para os outros.
É terrível para uma mulher se sentir trocada pelo computador, quando o que ela mais quer é ter alguns instantes de conversa com o seu marido.
Às vezes, chegamos do trabalho ansiosas para compartilhar algumas questões, algumas ideias e o nosso dia! Às vezes, fomos tão humilhadas e massacradas em função da nossa condição feminina que precisamos de um abraço para nos sentirmos protegidas; precisamos sentir que chegamos em casa, em nosso ponto de apoio, em nosso porto seguro.
E tudo o que encontramos é um marido vidrado na tela do computador, conferindo e mails, lendo relatórios e, muitas vezes, apenas jogando. E, quando nos dirigimos a eles para tentar travar qualquer conversa, nem sequer recebemos de volta um olhar; no máximo, ouvimos algo como "hum hum", concordando com palavras que passaram longe de suas mentes e de seus corações.
Entendo perfeitamente a queixa feminina! E concordo com ela. Eu mesma tenho um exemplar desses em casa. Ao chegar do trabalho, vai direto para o seu cantinho, liga o computador e gasta algumas horas ali até voltar ao mundo real.
No entanto, quero dar uma palavra em defesa desses meninos crescidos a que chamamos de maridos. Este é o momento do dia no qual eles se esvaziam das tensões, tal qual faziam nas cavernas ao olharem fixamente para o fogo.
Observem o olhar: fixo, olhando o nada, o vazio... Exatamente como os seus ancestrais.
Eu sei que nós, mulheres, em nossa ansiedade e em nossa natural carência de um braço forte, queremos que eles estejam disponíveis no momento em que entram em casa, após o trabalho.
No entanto, eles precisam de um tempo para se reequilibrar, para restaurar as forças e, então, só então, se sentirão prontos para atender as nossas necessidades.
Reparem bem: eles ficam um tempo no computador (bastante longo, eu concordo!), se alimentam, tomam um banho e, depois, começam a conversar. Falam uma ou outra coisa do seu dia, dividem algum problema, nos ajudam com o que podem e, aos poucos, vão se abrindo para nós.
A natureza humana é assim! Eles são diferentes de nós! E, por mais que isso nos gere a sensação de abandono e de solidão, precisamos entender e conviver com isso. A caverna masculina é preciosa para eles e uma mulher sábia jamais deve invadi-la.
Apenas fique do lado de fora, sem sapatear, e mostre a ele o quanto você é interessante e o quanto se interessa por ele. Não se engane! Quando ele levantar os olhos e perceber que você está por lá, virá correndo ao seu encontro, de braços e coração abertos, proteger a sua família.
Eles foram feitos para isso. Apenas funcionam em uma velocidade diferente daquela que gostaríamos que eles funcionassem.
E, assim que aprendermos a agir desta maneira, ganharemos até mesmo viagens a Nova York!
Enquanto isso, viva a tecnologia que, bem aplicada, torna a vida humana bem mais agradável de ser vivida!
* Expressão em inglês que significa: eu estou completamente sozinha.
Sandra Cosseti é de Brasília - DF