- Por Celso Fernandes -
Durante o regime militar que dirigiu o Brasil, havia o clamor pela volta de líderes forçados a buscar exílio no exterior.
Com a Lei da Anistia, finalmente sancionada em agosto 1979, personagens que tiveram seus direitos políticos cassados pela Revolução puderam retornar ao País. Ainda temerosos, deixaram para trás os anos de chumbo e, agora com as luzes da democracia, mostravam novamente sua cara.
Um desses foi Miguel Arraes, deposto do cargo de governador de Pernambuco em 1964. Foi preso. Primeiramente em uma cela do IV Exército, em Recife. Depois, confinado por onze meses na ilha de Fernando de Noronha e, ainda, na Fortaleza de Santa Cruz, no Rio. Amparado por um habeas-corpus do Supremo Tribunal Federal, conseguiu asilo na Argélia, já que a França recusou-se a recebê-lo. Acusado de subversão, Arraes foi condenado à revelia pela Justiça Militar pernambucana.
Em seu desembarque foi ovacionado por uma multidão de 50 mil pessoas. Ao retomar a vida pública, elegeu-se duas vezes deputado federal e governador.
Arraes faleceu em 2005, aos 89 anos. No Palácio das Princesas, que ele ocupou em três ocasiões, hoje está seu neto Eduardo Campos, governador de Pernambuco.