- Do G1 -
Se preventiva for pedida, Júnior Brunelli responde ao processo detido
Suspeito de desvio de verba, ele se apresentou à polícia neste domingo.
O titular da Delegacia de Repressão ao Crime Organizado, Henry Lopes, afirmou na manhã desta segunda-feira (28) que existe a possibilidade de a prisão temporária do ex-deputado distrital Júnior Brunelli (ex-PSC) ser estendida.
Júnior Brunelli se apresentou na 5ª DP na tarde deste domingo (27).
Ele era considerado foragido desde sexta (25), quando a polícia deflagrou uma operação que resultou na prisão de três pessoas. O grupo, segundo a polícia, é suspeito de desvio de verba pública no Distrito Federal.De acordo com o delegado Henry Lopes a prisão temporária de cinco dias poderá ser aumentada ou pode ser decretada a prisão preventiva, o que faria Brunelli responder o processo detido. “Os fatos serão analisados e o pedido de prorrogação pode acontecer”, afirma Lopes.
Neste domingo o ex-distrital prestou depoimento por cerca de quatro horas. Segundo o delegado, Brunelli estava “abatido”. Outras informações sobre o depoimento não foram passadas à imprensa para não atrapalhar as investigações, disse o titular da Deco. Ele também fez exame de corpo de delito no IML.
Júnior Brunelli apresentou carteira de advogado, e pediu uma cela especial. Como a 5ª Delegacia de Polícia não tem esse espaço, ficou numa cela comum, sozinho. A cela tem cerca de seis metros quadrados, grades de ferro, sem cama e sem luz. O vaso sanitário está entupido. Para amenizar a situação, o ex-deputado levou para a delegacia o próprio colchão e marmitas.
A expectativa é que ele seja transferido nesta segunda-feira para a carceragem do Departamento de Polícia Especializada (DPE).
InvestigaçãoHenry Lopes afirmou que o suposto esquema comandado pelo ex-deputado pode ter desviado R$ 2,6 milhões do governo do Distrito Federal.Os recursos teriam sido obtidos por meio de seis emendas propostas por ele na Câmara Legislativa em 2009. O dinheiro era destinado a projetos da Associação Monte das Oliveiras, voltados para idosos, e não teriam sido executados.
Segundo Lopes, já foi confirmado o desvio de R$ 1,7 milhão, referente a quatro emendas, ocorrido por meio de empresas de fachadas e notas fiscais adulteradas.Os três presos na sexta são o assessor e um contador de Brunelli e um empresário. O último, segundo o delegado, confessou participação no esquema.
"Ele confirmou que recebeu cheques do Brunelli sob promessa de fechar contratos com o governo. Só que essa promessa nunca se concretizou e ele diz que se sentiu enganado", explicou o delegado.
Brunelli fez exame no IML e retornou á 5ª DP.
Lopes afirmou que os policiais foram ao apartamento do ex-distrital, localizado no Guará, no começo da manhã de sexta. No local, arrombaram a porta e saíram com computadores, documentos e bens pessoais. Também houve apreensão de papéis em outros seis locais.
Segundo o delegado, os itens podem ser utilizados em um eventual leilão para recuperar os danos aos cofres públicos. Ele afirmou que o quarteto vai responder por
lavagem de dinheiro, formação de quadrilha, uso de documento falso e peculato.
Brunelli foi o protagonista do episódio que ficou conhecido como “oração da propina”. O vídeo da oração foi divulgado como parte do suposto escândalo de corrupção conhecido como “mensalão do DEM", que resultou na operação Caixa de Pandora da Polícia Federal e chegou a prender o ex-governador do DF José Roberto Arruda.