O resultado das eleições no Entorno foi divulgado ontem, mas o desfecho anunciado pela Justiça Eleitoral pode mudar em algumas cidades - Por Arthur Paganini, do Correio Braziliense - No caso de quem recorre do indeferimento do registro da candidatura, os votos recebidos foram computados como nulos. Já aqueles que têm a autorização questionada, apesar de ganhar nas urnas, podem perder o mandato se forem derrotados nos tribunais.
Ambas as situações ocorreram nas cidades goianas de
Água Fria, Alexânia e Santo Antônio do Descoberto. A situação desses municípios será definida pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Em Alexânia, a 95km de Brasília, Ronaldo Queiroz (PMDB) foi eleito com 6.043 votos. Ele teve o registro de candidatura indeferido, inicialmente, pelo juiz eleitoral. A decisão se baseou na rejeição de contas de Ronaldo, pelo Tribunal de Contas da União (TCU), quando comandou o município, entre 2004 e 2008. No Tribunal Regional Eleitoral de Goiás (TRE-GO), no entanto, o peemedebista consegui reverter a determinação, por meio de liminar, o que levou o caso para o TSE.
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e for derrotado, Ronaldo terá de ceder a vaga para a segunda colocada, a candidata Cida do Gelo (PSDB). Extraoficialmente, Cida obteve o apoio de 3.052 pessoas, mas os sufrágios não foram computados porque ela recorre de decisão de primeira instância que vetou a participação dela na disputa. A magistrada eleitoral do município rejeitou o pedido de registro de candidatura da coligação de Cida, pois a ata de um dos partidos da composição havia sido falsificada e também porque as legendas protocolaram o registro da chapa depois do horário determinado. No TRE-GO, contudo, Cida conseguiu reverter a decisão e foi autorizada a concorrer. Agora, o TSE analisará apenas as condições de elegibilidade da tucana e se ela é ficha limpa.
Em Santo Antônio do Descoberto, a vitória ficou com Padre Getúlio (centro), mas o TSE pode anular a candidatura.
Foto: Edilson Rodrigues/CB-DA Press.
Em Santo Antônio do Descoberto, a 45km da capital, o candidato eleito, Padre Getúlio (PMDB), conquistou 12.208 votos, mas ainda pode ter a vitória frustrada pela Justiça. Em primeira instância, ele o pedido foi negado, pois, quando foi prefeito da cidade, de 1996 a 2000, as contas dele foram rejeitadas. Ele chegou a ser condenado por improbidade administrativa e, segundo o Ministério Público Eleitoral (MPE), nem sequer poderia ter concorrido, pois, à época do registro das chapas, em julho, ele ainda estava com os direitos políticos suspensos. Foi no TRE-GO que Padre Getúlio conseguiu reverter a decisão e concorrer normalmente. O caso está sob análise no TSE.
A vitória do peemedebista foi definida apenas na apuração das quatro últimas urnas. A coligação que ficou em segundo lugar, encabeçada pelo candidato Itamar Imóveis (PDT), recebeu 11.909 votos, uma diferença de apenas 299 eleitores. Na tentativa de antecipar a análise do processo, a coordenação de campanha de Itamar pretende promover uma manifestação, hoje, às 10h, em frente ao TSE. “Estou confiante de que a Justiça será feita. Quero ganhar nas urnas, apesar de tudo o que falaram contra mim na campanha”, afirma. Padre Getúlio foi procurado pela reportagem, mas, alegando problemas de saúde, não quis comentar o assunto.
No município de Água Fria, distante 150km do DF, João de Deus (PPS) foi eleito com 1.961 dos 4.037 votos válidos, mas a situação do concorrente, Leandro Ceolin (PTC), ainda não foi definida. Na primeira instância, o registro dele foi impugnado, pois as contas relativas ao exercício como prefeito, cargo que ocupou entre 2005 e 2008, não receberam aprovação. O TRE-GO manteve a decisão, mas Leandro recorreu ao TSE. Se for liberado, os votos dados a ele serão contabilizados. Subtraídos os branco e os dados a João de Deus, ele fica com 2.026 e supera o concorrente.