Sino da igreja de Votuporanga, SP, foi parar na justiça por causa do barulho
Das 7h, até as 22h, sino da igreja Matriz toca religiosamente a cada hora.
Abaixo assinado para manter o toque já tem 16 mil assinaturas.
- Do G1 - Um sino de uma igreja em Votuporanga (SP) foi parar na justiça por causa do barulho. O sino é da igreja Matriz, que mesmo estando em funcionamento nos últimos 70 anos, começou a incomodar alguns moradores, que entraram com uma ação para impedir as badaladas.
Igreja matriz fica no centro da cidade de Votuporanga, SP (Foto: Reprodução/TV Tem).
Apesar de ter mais de 80 mil habitantes e de todo o desenvolvimento que a cidade conseguiu desde que foi emancipada há 75 anos, Votuporanga nunca abandonou uma antiga tradição seguida, principalmente, pelos municípios do interior do estado.
Das 7h, até as 22h, o sino da igreja matriz toca religiosamente a cada hora.
Muita gente está acostumada com a melodia que vem do alto das torres há sete décadas e nem se incomoda. “Eu gosto do sino, é uma coisa que anima as pessoas e acho que não atrapalha nada. Às vezes até ajuda a nos localizar no horário”, afirma a aposentada Edna Cristina do Prado.
Mas o sino da igreja se tornou alvo de uma polêmica que foi parar na justiça. Uma ação movida por dois moradores quer acabar com as badaladas. O padre Gilmar Antônio Magotto ficou surpreso ao receber a notícia de que se tornou réu no processo e pode até ser condenado criminalmente por manter o sino em funcionamento. “O sino é uma melodia, uma música, que toca por 15 segundos, em média. Vale lembrar que não é só tradição da igreja católica, mas de muitas igrejas evangélicas tradicionais também. Quando se marca o tempo, é bom lembrar que ele foi nos dado por Deus, mas que um dia termina. É um convite para oração”, afirma o padre.
Inconformados com o caso, muitos fiéis e até seguidores de outras religiões participaram de um abaixo assinado que já tem 16 mil assinaturas a favor do toque. É mais um argumento para o advogado de defesa do padre tentar convencer a justiça de que não existe crime nenhum na música que vem da igreja. “A defesa quer demonstrar que não existiu o delito, que na verdade a vítima seria a coletividade e não uma ou duas pessoas apenas”, diz o advogado do padre, Douglas Teodoro Fontes.
Uma primeira audiência foi realizada a portas fechadas no fórum da cidade. O promotor de justiça não quis gravar entrevista, disse apenas que tenta um acordo com os envolvidos. Enquanto a situação não se resolve, o impasse continua e as badaladas do sino também. Os moradores que entraram com a ação contra o padre não quiseram comentar o assunto.