O nome dela circulava só nas altas rodas de Brasília.
Era famosa por organizar festas privadas para parlamentares, ministros, empresários e lobistas.
Por Renato Ferraz/Correio Braziliense (Foto:Vivi Zanatta/Agência Estado - 22/9/05)
Na primeira vez em que o Brasil ouviu falar dela, muitos políticos tremeram. Foi em agosto de 2005, durante a CPI dos Correios, quando o então senador
Demóstenes Torres (DEM-GO) perguntou a
Simone Vasconcelos, diretora financeira da agência SMPB, de
Marcos Valério, se conhecia
“a cafetina Jeany Mary Corner”.
Até então, o nome dela circulava só nas altas rodas de Brasília. Era famosa por organizar festas privadas para parlamentares, ministros, empresários e lobistas. Eventos marcados por conversas descontraídas, bebidas finas e mulheres bonitas, que faziam as vezes de “acompanhantes”.
À época, o Congresso apurava se tudo era pago com dinheiro do
valerioduto.
Muito se especulou e pouco se soube, de fato, quais políticos tinham os nomes, os sobrenomes e os números de telefones na temida agenda de Jeany Mary, hoje com 53 anos. Ela também perdeu o sono. A jornalistas, disse receber ameaças por telefone e reclamou que os negócios pararam após ser citada na CPI.
Mas Jeany não revelou a identidade dos clientes poderosos nem foi indiciada.Nascida em uma família humilde de Crato, no Ceará,
Jeany Gomes da Silva passou a adolescência em Lavras da Mangabeira. Deixou o estado aos 18 anos, após ser flagrada por uma tia no quarto com um rapaz, transando. Algo inadmissível para os pais, católicos fervorosos, que a expulsaram da cidade. Jeany se mudou para o Rio de Janeiro, onde trabalhou como empregada doméstica e rodomoça.
Mas o sonho era conhecer São Paulo. Ao chegar à capital paulista, foi apresentada por uma amiga ao circuito das feiras do Anhembi, o principal centro de convenções da cidade. Trabalhando como recepcionista, notou que os agenciadores cobravam caro pelo serviço e repassavam pouco. Passou a contratar ela mesma as moças. Assim, iniciou sua “empresa de eventos”.