- Do Correio Braziliense - Os brasileiros começarão o próximo ano com o salário mínimo de R$ 622
Ao contrário do esperado, o novo valor não foi arredondado para R$ 625, após o Orçamento aprovado quase à meia-noite de quinta-feira ter fixado o reajuste em R$ 622,73. A medida provisória, assinada ontem pela presidente Dilma Rousseff, deverá ser publicada no Diário Oficial da União na semana que vem. A nova remuneração será paga a partir de fevereiro, referente ao mês de janeiro.
O aumento de 14,13% no mínimo é o primeiro da nova legislação, aprovada em fevereiro deste ano, que fixou o salário em R$ 545 e autorizou o reajuste por meio de decreto presidencial até 2015 em vez de projeto de lei. Até lá, a remuneração básica do trabalhador brasileiro deverá ultrapassar a barreira dos R$ 800. A lei, amplamente negociada com as centrais sindicais, prevê que o acerto salarial seja calculado com base no crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do ano anterior mais a variação do Índice Nacional de Preços aos Consumidor (INPC) do ano.
A diferença a menos de R$ 0,73 na correção do mínimo deve-se à base de cálculo. Segundo o Ministério do Planejamento, na época em que as contas foram feitas para o Orçamento, a previsão era de que o INPC ficasse em 6,3%. Como a taxa de dezembro ficará abaixo do estimado, o indicador final do ano será menor. A presidente Dilma tem a prerrogativa de arredondar o valor para cima ou para baixo. “Acredito que o novo mínimo está dentro dos cálculos que o governo fez e, por isso, não há o que especular. Não há necessidade de procurar pelo em ovo”, disse o economista-chefe do Banco Fator, José Francisco de Lima Gonçalves.
Inflação
O acréscimo total de R$ 77 no salário custará quase R$ 19 bilhões à Previdência Social, que paga o menor rendimento do país a 19 milhões de aposentados e pensionistas. Segundo o ministro da Fazenda, Guido Mantega, o novo piso salarial injetará R$ 94 bilhões na economia, ajudando a manter o consumo aquecido. Mas, para a economista Zeina Latif, é preciso fazer algumas ponderações sobre esse impacto na demanda, pois compras acima do adequado poderão pressionar a inflação, prejudicando os planos do Banco Central de reduzir a taxa básica de juros (Selic) nos próximos meses.
Na avaliação de Zeina, o governo não deve concentrar os esforços para reativar a economia, que estagnou no terceiro trimestre de 2011, apenas em medidas que impulsionam o consumo. Será preciso, também, estimular os investimentos produtivos, para que a oferta de mercadorias também avance. “É arriscado apostar no crescimento econômico apenas no consumo doméstico enquanto o investimento está caindo. Isso é inflacionário”, destacou.