Polícia Federal prende o subcomandante geral da PMGO e mais 18 policiais
- Do Correio Braziliense - A Polícia Federal já cumpriu os 19 mandados de prisão preventiva expedidos na Operação Sexto Mandamento, desencadeada na manhã desta terça-feira (15/2). Todos os presos são policiais militares. Entre eles estão o subcomandante geral da PM goiana, coronel Carlos Cézar Macário, um tenente-coronel, um major, dois capitães, um tenente, dois subtenentes, um sargento e quatro cabos.
Há ainda seis oficiais lotados no interior, que serão transferidos ainda nesta tarde para a capital do estado. Os detidos são suspeitos de integrar um grupo de extermínio que agia principalmente na região do Entorno do Distrito Federal.
Entre os investigados, estão o ex-secretário de Segurança Pública de Goiás Ernesto Roller e o ex-secretário da Fazenda estadual Jorcelino Braga, ambos na condição de suspeitos pela prática de tráfico de influência que resultaram nas promoções de patentes de integrantes da organização criminosa.Ex-secretário de Segurança de Goiás, Ernesto Roller, deixa a sede da PF - Foto Cadu Gomes - CB/DA Press
Roller é o atual procurador-geral de Goiânia. Candidato a vice-governador de Goiás na última eleição pela chapa de Wanderlan (PP). Segundo apuração do Ministério Público goiano (MPGO), responsável por uma série de investigações contra o bando de matadores, Roller teria protegido os PMs investigados, promovendo-os após serem denunciados à Justiça por suposto envolvimento nas mortes de inocentes. Deputado estadual até o ano passado — como concorreu a vice-governador não pôde disputar a reeleição para a Assembleia Legislativa goiana —, Roller tinha como base eleitoral Formosa, sua terra natal, onde está baseado o 16º Batalhão da PMGO, responsável pela maioria das execuções, segundo as investigações.
ExecuçõesAlém do sequestro e da execução de um fazendeiro e de quatro moradores de Flores de Goiás e Alvorada do Norte, um grupo de oito policiais militares do 16º Batalhão, liderado pelo major Ricardo Rocha Batista, é investigado por matar 15 pessoas em menos de dois anos em Formosa. O major foi um dos primeiros a serem presos pela PF na manhã de hoje, segundo fontes do MPGO.
As vítimas do bando liderado por Ricardo Rocha eram jovens, quase todos viciados em algum tipo de droga. Todos morreram com tiros à queima-roupa, ao menos uma bala na nuca, sem demonstrar reação, de acordo com laudos cadavéricos revelados pelo Correio Braziliense em série de reportagens publicadas desde maio de 2009. Mesmo indiciado pela Corregedoria da corporação, respondendo a inquéritos por homicídio e com a candidatura impugnada pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE), o oficial disputou vaga na Assembleia Legislativa de Goiás, mas acabou perdendo nas urnas.O major e os outros sete PMs foram afastados do trabalho no começo de março de 2010, logo após denúncia da Comissão de Direitos Humanos (CDH) da Assembleia Legislativa de Goiás. Duas semanas depois, três soldados e um sargento da mesma unidade foram presos sob acusação de envolvimento em crime de pistolagem. Eles seriam os autores do sequestro do fazendeiro José Eduardo Ferreira, 56 anos, assassinado um ano antes. A morte teria sido encomendada por outro produtor rural, com quem a vítima havia brigado por disputa de terras, segundo investigação da Polícia Civil goiana.