- Por Isadora Peron/O Estado de S.Paulo - De exímio operador de telex a tuiteiro com mais de 8 mil seguidores. A capacidade do jornalista e professor Rosental Calmon Alves, de 59 anos, de se adaptar às inovações tecnológicas das últimas décadas é um dos motivos pelos quais foi homenageado ontem, em sessão solene, durante o 6.º Congresso de Jornalismo Investigativo da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), em São Paulo.Homenageado pela Abraji, Rosental Calmon Alves destaca que internet [br] e redes sociais permitem troca de informações entre mídia e leitores.
Considerado um dos grandes teóricos do jornalismo online da atualidade, Calmon Alves chamou a atenção para os desafios a serem enfrentados pelos jornalistas neste momento de revolução digital.
Segundo ele, o surgimento das redes sociais, como o Twitter e o Facebook, não mudou somente o jornalismo, e sim o mundo. "Nunca antes os avanços tecnológicos nos afetaram tanto e, consequentemente, afetaram a forma de fazer jornalismo. Há mais de uma década que eu venho alertando para isto: não dá mais para continuar fazendo jornal do mesmo jeito", disse.
Segundo ele, essa é uma nova realidade que as grandes empresas de mídia precisam aceitar. "Hoje a comunicação não é mais vertical, unidirecional, com a internet ela passou a não ter limites. Outra diferença é que a audiência não é mais passiva, não se trata mais de um monólogo, é preciso haver um constante troca de informações entre os leitores e o jornal", explicou.
Ele citou como sinal de alerta os problemas enfrentados pelas empresas do setor nos Estados Unidos. "A quantidade de publicidade nos jornais norte-americanos diminuiu 45%. Nos últimos cinco anos, mais de 21 mil jornalistas foram demitidos."
BiografiaCalmon Alves começou sua carreira de jornalista em 1968, aos 16 anos. Entre outros veículos, passou pelas rádios Tupi e Nacional, no Rio, e pelas revistas IstoÉ e Veja. No Jornal do Brasil, foi correspondente em Madri, Buenos Aires, Washington e Cidade do México.
Em 1995, foi o responsável pelo lançamento da primeira versão para a internet de um jornal brasileiro: o JB Online.Um ano depois, trocou as redações pela carreira acadêmica, tornando-se professor na Universidade do Texas, em Austin. Em 2002, criou o Centro Knight para Jornalismo nas Américas.
O Congresso da Abraji termina hoje. Ao todo, mais de 800 pessoas, entre jornalistas e estudantes, participaram do evento.