- Por Ricardo Taffner / Correio Braziliense -
Conhecidas por abrigar escândalos políticos e terem sido assombradas por funcionários fantasmas, as Administrações Regionais do Distrito Federal passam por reestruturação que diminuirá em 1,2 mil o número total de cargos comissionados, mas aumentará o valor das comissões.
O GDF deu início à aplicação de novo modelo de gestão para esses órgãos. As mudanças começaram a ser publicadas no Diário Oficial do DF.
Ontem, foi a vez de Águas Claras, de Planaltina e do Setor de Indústrias e Abastecimento (SIA) serem contempladas, mas, até o fim de semana, todas as 30 administrações serão remodeladas.
A atual gestão alega ter recebido uma máquina inchada, com cerca de 20 mil cargos comissionados e suspeitas de diversos desvios. Até o ano passado, segundo os atuais administradores, não havia sequer espaço para todos os funcionários lotados.
Levantamento feito em janeiro mostrou casos como o da Administração do Gama, onde 417 servidores precisavam se revezar no local, sendo apenas 104 concursados.
Em Sobradinho, um gabinete de 65 metros quadrados abrigava 51 pessoas.
A primeira ação do governador Agnelo Queiroz (PT) foi exonerar todos os comissionados. Já foram contratadas cerca de 13,5 mil pessoas, mas o governo pretende extinguir 3,5 mil vagas até o ano que vem, abrindo margem para mais 6,5 mil contratações.
Para verificar a necessidade das cidades, a Secretaria de Governo encomendou estudos aos próprios administradores. Uma comissão especial analisou os relatórios e discutiu os possíveis formatos com os responsáveis. O resultado de um semestre de análises foi a montagem de um modelo-padrão para todas as cidades. Segundo o coordenador de Articulação Intergovernamental, Reinaldo Chaves Gomes, as estruturas serão as mesmas, respeitando as peculiaridades e o tamanhos de cada uma. “Vamos implementar uma lógica de gestão, porque antes existiam 30 organogramas diferentes”, diz.
Seis faixas
As administrações foram divididas em seis faixas (veja quadro). No primeiro nível, estão as maiores, como Ceilândia, que poderão contratar 175 comissionados, enquanto o último abriga cidades menores, como Candangolândia, que terá até 60 vagas.
No entanto, o número poderá aumentar de acordo com a quantidade de gerências de regiões mais isoladas (espécie de subadministrações). Cada grupo desses contará com mais cinco funções, mas o total não poderá ultrapassar 180 cargos. Gomes explica que, entre os critérios usados para a classificação, estão o tamanho das regiões e o número de habitantes atendidos.
Ao mesmo tempo em que diminuiu consideravelmente o número de servidores comissionados, o governo garantiu aumento no valor das comissões. No início deste mês, foi publicada no Diário Oficial lei que reorganiza as funções, além de um reajuste médio de 6,44% nos salários. A norma criou três cargos em comissão (DF) e outros três de natureza especial (CNE). Nas administrações, os servidores foram requalificados. Cargos menores, como DF-1 a DF-4, que eram usados para apadrinhamento político, serão praticamente extintos nesses locais.
Reinaldo Gomes afirma que a intenção do governo foi diminuir o tamanho da máquina e, ao mesmo tempo, valorizar as áreas técnicas. Antes, as administrações tinham, por exemplo, apenas dois CNEs.
Agora, serão mais oito cargos especiais para as diretorias e assessorias técnicas. Por outro lado, o número de funcionários de gabinete foi reduzido. “Vamos dar maior qualificação a essas administrações e corrigir as distorções. O organograma está mais enxuto, respeitando as características, os gargalos e os desafios de cada local. Com melhores salários, podemos ter mais bons técnicos”, diz.
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