O que o filho pensa do pai, da infância à maturidade 5 anos – “ O meu pai é aquele ali. Ele é o melhor do mundo”
10 anos – “O meu pai sabe tudo. Que homem inteligente!”
15 anos – “O meu pai não é assim tão inteligente assim. Ele se engana com frequência”
20 anos – “O meu pai está desatualizado. Ô velho chato!”
30 anos – “O meu pai, em algumas coisas, até tem razão”
40 anos – “O meu pai saberia como resolver isso, com seu bom senso e sua experiência!”
50 anos – “Que falta me faz o papai! Eu daria tudo para que ele estivesse aqui agora. Teria aprendido muito com ele”
Meu pai, um homem bom
Já faz alguns anos que meu pai nos deixou. Tinha 87 anos e sucumbiu a uma pneumonia contraída após uma cirurgia no fêmur, depois de uma queda sofrida em casa.
Na última vez que o vi, no hospital, estava inconsciente e saí com a quase certeza de que não voltaria a vê-lo com vida. E assim foi. Tive que voltar a Brasília, no mesmo dia, e na manhã seguinte recebi um telefonema informando o desenlace.
Aquele último encontro foi a minha despedida dele. Em poucos minutos, revi mentalmente as principais passagens de sua vida, até onde pôde alcançar minha memória. E só me recordei do que foi bom.
Meu pai foi um bom homem, sem dúvida. Posso afirmar com orgulho. Seu casamento com minha mãe durou quase 40 anos e só acabou com a morte dela. Tiveram três filhos e eu fui o caçula. No meio, uma irmã. Na frente, o irmão mais velho.
Não foi uma vida fácil para ele, mas só o tempo me mostrou isso. Minha mãe foi uma dona de casa que se dedicou apenas a ele e à criação dos filhos. Conheceram-se quando ambos tinham 21 anos e se casaram pouco tempo depois.
A vida de meu pai teve dois focos permanentes: família e trabalho. Trabalhava desde os 13 anos de idade e só parou quando já estava com quase 70 anos. Assim mesmo, protestando:“Ninguém me dá mais emprego por causa da minha idade. Mas eu ainda posso trabalhar!”
Ele já estava aposentado duas vezes, como servidor público e pelo INSS, mas não queria ficar em casa à toa. Mas acabou tendo que se conformar. Isso, porém, foi minando sua saúde mental e, aos poucos, ele perdeu o conhecimento do mundo que o rodeava.
Nos últimos anos, doía visitá-lo, pois não sabia mais que eu era seu filho, por causa do Alzheimer. E assim, um dia ele se foi, sem saber que estava indo nem que eu estive com ele nos últimos momentos.
Sua voz ainda ecoa em meus ouvidos, sempre com palavras carinhosas na minha infância e mesmo depois que cresci, segui meu caminho e também me tornei pai. Ele sempre esteve presente por perto quando precisei. Mesmo ele no Rio e eu em Brasília, o telefone mantinha o contato toda semana, até pouco antes que ele partisse para sempre.
Neste dia 14 de agosto, ele é meu personagem. Carlos era o seu nome. Meu pai. Um homem bom.Jorge Wamburg
Uma homenagem do Jornal Integração Brasil
à todos os "Pais" de nossas vidas!