- Do R7 -
Principais envolvidos nas investigações não irão depor
A CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) do Cachoeira, criada para investigar as relações do bicheiro Carlinhos Cachoeira com parlamentares, empresários e funcionários públicos, começa a apresentar sinais de que vai terminar em pizza. Acordos costurados por deputados e senadores com base no medo de ter seu grupo político atingido pelos escândalos praticamente inviabilizam uma investigação mais profunda do caso.
Nomes graúdos que aparecem nos relatórios da PF (Polícia Federal) que motivaram a CPI ficaram de fora da lista de pessoas convocadas a depor consolidada nesta quinta-feira (17) pelos membros da comissão.Assim,
cinco dos principais personagens do caso não precisarão dar explicações: o governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), o governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT), o governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB), o empresário Fernando Cavendish, dono da empreiteira Delta, e o jornalista Policarpo Junior, redator-chefe da revista Veja.
Serão ouvidos somente os “peixes pequenos”, como Cláudio Monteiro, ex-chefe de gabinete de Agnelo. Segundo as investigações da Polícia Federal, ele teria recebido propina para favorecer a Delta em contratos de prestação de serviços com o governo do Distrito Federal. Após as denúncias, Monteiro pediu demissão.
Também foram chamados a depor Wladimir Garcez, ex-vereador pelo PSDB de Goiânia, e Idalberto Matias de Araújo, o Dadá, ex-sargento da Aeronáutica, preso pela operação Monte Carlo da Polícia Federal, acusado de ser informante e braço direito de Cachoeira. Representando a Delta estará o ex-diretor da empresa no Centro-Oeste, Claudio Abreu.
Os senadores Pedro Taques (PDT-MT) e Randolfe Rodrigues (PSOL-AP), disseram que deixar para depois os requerimentos era “jogar o lixo para debaixo do tapete”, já que as próximas reuniões do mês de maio são para depoimento de testemunhas. Uma nova análise de requerimento seria só dia 5 de junho.
Cachoeira, cujo primeiro depoimento foi adiado pelo STF (Supremo Tribunal Federal), deverá ser interrogado pelos parlamentares na próxima terça-feira (22). Como o STF determinou que a defesa do bicheiro tenha acesso a todo o inquérito que incrimina Cachoeira, a expectativa é que ele não seja autorizado a ficar calado durante o depoimento.
Revista Veja
Mesmo com apoio do senador Fernando Collor (PTB-AL) e de parte da bancada do PT, a CPI do Cachoeira desistiu de pedir à PF as gravações telefônicas das conversas entre Cachoeira e o jornalista Policarpo Junior, diretor da sucursal da revista Veja e um dos redatores-chefes da publicação.Diante da forte reação da oposição e de parlamentares da base aliada, a comissão preferiu apoiar uma proposta para pedir à PF o repasse, ordenado por nome, de todos os grampos telefônicos feitos nas operações Vegas e Monte Carlo. Em termos práticos, a decisão não muda nada a intenção de acesso às conversas do jornalista, mas foi um recuo político de quem pretendia carimbar uma relação promíscua da revista com Cachoeira.
Para justificar o envio das conversas entre o contraventor e o jornalista, Collor disse, no início dos debates, que é preciso analisar os trechos dos diálogos para verificar se fica comprovado "que tenha havido um conluio mancomunado entre Policarpo Junior e Carlinhos Cachoeira".
O líder do PT na Câmara, Paulo Teixeira (SP), insistiu na aprovação do pedido de Collor com o argumento de que "nenhuma profissão pode cometer crimes".
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Esse jornalista teve uma relação de 10 anos com esse criminoso.
Randolfe Rodrigues defendeu mais convocações.
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Ficou patente a relação do governador de Goiás e de Sérgio Cabral com negócios de Cachoeira. Esta investigação é selecionada, sem ir ao fundo desta CPI. É um mau começo para este colegiado.
Segundo Pedro Taques, existem notícias de que a Delta já estaria dilapidando seu patrimônio e, por isso, a convocação de Cavendish não poderia ser deixada para 5 de junho. Já para o deputado Mauricio Quintella (PR-AL), o adiamento não quer dizer necessariamente que os demais requerimentos não sejam votados.
Fonte: R7