Assombrado por um passado de instabilidade econômica, baixos níveis de poupança e de investimento, o Brasil amarga ainda hoje uma das inflações mais pesadas do mundo
- Por Victor Martins, do Correio Braziliense - E pior: ao mesmo tempo em que os preços persistem em elevação, o país cresce a taxas minguadas.
Nem mesmo o advento do Plano Real, responsável por transformações sociais poderosas nos últimos anos, tem sido capaz de parar determinados preços — alguns chegaram a ser reajustados em aproximadamente 1.000% nestes 18 anos de estabilidade econômica, algo impensável em nações civilizadas.
Técnicos do governo apontam a indexação da economia, o crescimento da carga tributária e o baixo desemprego como os principais culpados pelo Brasil ainda ser o país da carestia.
Para quem olha de fora, parece um absurdo o brasileiro ter visto o preço da carne de boi e de frango subir 340,83% em 18 anos. Nesse mesmo período, os pescados dispararam 520,53%; os serviços, 534,94%, a conta de telefone, de TV a cabo e internet, 724,47%; os combustíveis domésticos, 835,98%.
Na média do país, o custo de vida aumentou 309,7% no período, ou seja, mais que triplicou. Nesse mesmo espaço de tempo, os preços no Japão caíram 1%; nos Estados Unidos subiram 64%; na Alemanha, que viveu a pior inflação da história da humanidade, aumentaram 35%. “O governo está brincando com a inflação. Se a presidente Dilma Rousseff não acordar para a realidade, corre o risco de perder a sua reeleição”, alerta um ex-diretor do Banco Central (BC).