Vagner Love quebra jejum, empata no fim e ajuda a rebaixar o Palmeiras
- Por Diego Ribeiro, do GloboEsporte - A CRONICA
Coube a um velho conhecido a tarefa de mandar o Palmeiras para a Série B do Campeonato Brasileiro. Não teve vaia ou jejum que intimidasse Vagner Love, autor do gol de empate do Flamengo em 1 a 1 com o Verdão, neste domingo em Volta Redonda, aos 43 minutos do segundo tempo. O artilheiro quebrou uma sequência de oito jogos sem marcar e, por consequência, praticamente rebaixou o time que o revelou.
Com o resultado no Rio de Janeiro, aliado à vitória do Bahia sobre a Ponte Preta e ao empate entre Portuguesa e Grêmio, o Alviverde está rebaixado.Love disse que iria comemorar um eventual gol contra a equipe que ajudou a levar à Série A, em 2003.
E cumpriu a promessa. A dois minutos do apito final, quando o Verdão já estava quase aliviado, o artilheiro arrancou pelo lado esquerdo, invadiu a área, chutou, e viu a bola desviar em Román antes de entrar. As vaias viraram aplausos, o atacante foi para a torcida rubro-negra e celebrou como se o Palmeiras nem estivesse brigando para fugir da degola.
O gol derrubou o Palmeiras. Sob os gritos de “Segunda Divisão”, quase todos choraram. Juninho não aguentou a pressão, Barcos levou as mãos ao rosto, Maurício Ramos ajeitou a faixa de capitão... E não houve mais forças para reagir. A confirmação da queda só viria quase três horas depois, quando Portuguesa e Grêmio empataram em 2 a 2 no Canindé, em São Paulo. Somente uma vitória do Tricolor Gaúcho manteria o Palmeiras vivo. Faltando duas rodadas para o fim do Brasileirão, o Verdão, com 34 pontos, não tem mais como alcançar a Lusa, que tem 41 e é o primeiro time fora da zona da degola. As próximas duas rodadas (contra Atlético-GO no Pacaembu, domingo que vem, e contra o Santos, dia 2 de dezembro na Vila) servirão apenas para se despedir da elite do futebol nacional.
- Nosso time só tem homem jogando. Estamos aqui dando a cara e fazendo o possível. Azar, falta de sorte, pode chamar do que quiser, mas hoje era uma vitória que tinha de sair - lamentou o goleiro palmeirense Bruno.
Já sem risco de rebaixamento desde a rodada passada, o Flamengo tenta ganhar colocações para terminar a competição de forma digna. No próximo sábado, o jogo será contra o rival Vasco no Engenhão. A despedida, no dia 2, diante do Botafogo.
- Consegui desencantar, felizmente para mim, infelizmente para eles (palmeirenses). Foi bom, gosto de fazer gol, quero sempre que meu time saia vitorioso. O Flamengo sempre entra interessado dentro de campo - disse o Artilheiro do Amor, aliviado pela quebra do jejum.
Maikon Leite lamenta o empate logo após o fim do jogo (Foto: Marcos Ribolli / Globoesporte.com).
Tensão no inícioO cumprimento cordial de Dorival Júnior a Gilson Kleina anunciava qual postura o Flamengo teria na partida.
- Espero que vocês saiam dessa. Mas não hoje... - disse Dorival.
No início, parecia que o Flamengo era o desesperado, e o Palmeiras o aliviado. A equipe rubro-negra ganhou todas as divididas, mostrou “sangue nos olhos” e não deixou o rival tomar conta do jogo. Muito disso ocorreu porque a torcida flamenguista queria ver o adversário ainda mais no fundo do poço. Os gritos de “Segunda Divisão” ecoaram pelas arquibancadas do estádio Raulino de Oliveira, que também eram decoradas com caixões alviverdes. Em campo, alguns sentiram o baque.
O Flamengo percebeu isso e apostou nas jogadas pelo lado esquerdo da defesa palmeirense, justamente onde estava o jogador mais assustado de todo o elenco: Juninho. O Rubro-Negro sempre buscou por ali, com Wellington Silva, Ibson e Amaral – pelo setor, o volante criou a melhor chance dos cariocas, em chute que passou raspando a trave direita de Bruno. Sem muito interesse, o Fla ia cozinhando a partida. Futebol, mesmo, pouco se viu.
O Palmeiras teve flashes, sempre com seus nomes mais lúcidos. Um chute de Tiago Real quase encontrou o ângulo de Paulo Victor. Barcos tentou buscar o jogo, já que não tinha companhia no ataque. O Pirata reclamou demais com seus companheiros, pois a bola não chegava e os volantes e laterais pouco ajudavam. O argentino também pediu pênalti num lance em que cabeceou e a bola bateu em Renato Santos. O palmeirense queria toque de mão.
Para proteger um pouco mais a defesa, Gilson Kleina recuou Artur e fez uma linha de três zagueiros, com Maurício Ramos na sobra. Mesmo assim, Vagner Love encontrou espaços e quase abriu o placar aos 45 minutos, após receber um passe de Hernane e chutar sozinho, de pé esquerdo, por cima do gol. Parecia até que Love não queria castigar o time que o revelou para o futebol.
Vagner Love comemora o gol de empate nos minutos finais (Foto: Marcos Ribolli / Globoesporte.com).
Gols só no segundo tempo
O Flamengo mandou nos 15 primeiros minutos do segundo tempo, aproveitando o nervosismo que assolou o Palmeiras. Mais uma vez empurrado pela torcida, o time de Dorival Júnior encurralou o rival em seu campo de defesa. O gol rubro-negro parecia questão de tempo, ainda mais depois que Tiago Real lesionou o ombro e teve de ser substituído pelo garoto Vinícius. O Verdão acabava de perder seu único articulador.
E foi Vinícius, atacante com poucos recursos, mas muita vontade, que acendeu o Verdão no jogo. A correria promovida pelo garoto de 19 anos confundiu a defesa do Fla, que deixou mais espaços para Barcos. Na primeira escapada que teve, o Pirata caiu na área e reclamou de mais um suposto pênalti sofrido.
Com Vinícius, o Palmeiras fez o que não havia conseguido no primeiro tempo: arriscar. Aos 17 minutos, o atacante foi premiado pela persistência. Em jogada individual pelo lado esquerdo, ele avançou, olhou para o gol e acertou um chute seco, bem no canto direito de Paulo Victor, que falhou e deixou a bola passar: 1 a 0 Verdão.
Torcida do Flamengo ironiza com caixões palmeirenses (Foto: Marcos Ribolli / Globoesporte.com).
A comemoração foi intensa. Emocionado, Vinícius se dirigiu até o espaço destinado à torcida visitante e gritou muito, contagiando o time todo, que se abraçou e ganhou sobrevida na partida – ainda mais com o empate parcial do Bahia com a Ponte Preta, em Salvador.
Dorival Júnior tentou animar o Flamengo com as entradas de Mattheus e Paulo Sérgio.
Irritada, a maioria rubro-negra vaiou os substituídos Ibson e Hernane, e ficou na bronca com Love, que errava quase tudo o que tinha tentado até ali. Méritos para Román, até então, que fazia boa marcação em cima do artilheiro adversário.
No contra-ataque, o Verdão quase marcou o segundo, com Maikon Leite perdendo oportunidade inacreditável, cara a cara com Paulo Victor. Ao mesmo tempo, em Salvador, o Bahia fazia um gol em cima da Ponte Preta, complicando ainda mais a situação palmeirense.
Com Barcos à frente, palmeirenses saem de campo desolados (Foto: Marcos Ribolli / Globoesporte.com).
Mas veio a pá de cal. Vagner Love, revelado no Palmeiras, aos 43 minutos aproveitou rápido contra-ataque, invadiu a área e chutou cruzado. A bola, cruelmente, desviou em Román, tirou Bruno da jogada e foi morrer no fundo do gol. Era o começo do fim.
Após o jogo, a delegação palmeirense embarcou de ônibus de volta para São Paulo. Alguns, ainda esperançosos, ouviam no rádio os lances de Portuguesa x Grêmio. A Lusa abriu 2 a 0, os gaúchos empataram em 2 a 2 e por pouco não viraram o placar.
Exatamente às 21h22, quando o ônibus estava no km 322 da Via Dutra, na cidade de Itatiaia, o rebaixamento foi confirmado.
DESTAQUES DO JOGOMomento Decisivo43 min do 2ºT
Love arranca pela esquerda, invade a área e chuta cruzado. A bola desvia em Román, entra e decreta o empate. O resultado praticamente rebaixa o Verdão.
DecepçãoCleber Santana
Inoperante, o meia quase não tocou na bola no primeiro tempo. Com a saída dele e a entrada de Wellington Bruno, Dorival corrigiu o problema.
ArbitragemPolêmica
O Palmeiras reclamou muito da atuação do goiano André Luiz Freitas Castro, principalmente por causa de dois supostos pênaltis não marcados.