Empresas de ônibus cobram aumento na passagem e fazem ameaças
Sindicato das companhias de ônibus reivindica reajuste médio de 30,7% na tarifa, uma das mais caras do Brasil. O presidente da entidade diz que, se o GDF não abrir a negociação, patrões não pagarão o salário e o 13º dos rodoviários
Do Correio BrazilienseOs empresários do sistema de transporte público voltaram a pressionar o Governo do Distrito Federal por aumento das passagens de ônibus. Eles alegam que o atual faturamento de R$ 50 milhões por mês oriundos da frota de 2.800 veículos é insuficiente para a manutenção da normalidade do serviço prestado à população e pedem um aumento de 30,75% em média nos atuais valores da tarifa. Caso o governador do DF, Rogério Rosso, não atenda as reivindicações “imediatamente”, os empresários ameaçam não pagar o óleo diesel para circulação dos ônibus, além de atrasar o salário e o 13º dos funcionários, o que resultaria em greve da categoria e, consequentemente, prejuízos para a população. Especialistas e usuários de coletivos rechaçam a ideia de reajustes, uma vez que consideram o serviço prestado pelas empresas de péssima qualidade. Ainda em agosto, Rosso descartou a possibilidade reajuste de passagens em sua gestão.O presidente do Sindicato das Empresas de Transporte Coletivo do DF e dono da Viação Planalto (Viplan), Wagner Canhedo Filho, alegou que a as passagens deveriam render pelo menos R$ 70 milhões para o sistema de transporte público “sobreviver”. Para isso, ele propõe o aumento das passagens de R$ 2 para R$ 3 (50%); de R$ 3 para R$ 4 (33%); de R$ 1,50 para R$ 1,80 (20%); e de R$ 2,50 para R$ 3 (20%). “Nosso último reajuste de tarifas foi em 1º de janeiro de 2006. Ou seja, vamos para quase cinco anos sem aumento. Nesse período, aumentamos em 40% os salários dos rodoviários. Isso prejudica em demasia as empresas. Corremos o risco de não honrar nossos compromissos com os rodoviários”, explicou. No próximo dia 20, as empresas devem pagar os salários dos funcionários. A primeira parcela do 13º será transferida em dia 30. Os rodoviários garantem que, caso não recebam no fim do mês, vão parar imediatamente.Apesar de não ter sido concedido o aumento desejado pelos empresários desde 2006, o ex-governador José Roberto Arruda deu desconto de 12% referente ao Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços (ICMS) sobre o preço do óleo diesel. Quando assumiu o GDF em caráter provisório, o distrital Wilson Lima cancelou o subsídio, o que foi mantido por Rosso. “Se o governo acha o valor da tarifa muito alto e não quer transferir o ônus para a sociedade, então que pague uma parte. As decisões políticas acabam comprometendo 75% da folha de pagamento neste mês e no próximo”, disse Canhedo.Diretor do Sindicato dos Rodoviários do DF, que representa cerca de 10 mil trabalhadores, Lúcio Lima reconhece que as tarifas não são reajustadas há muito tempo e que os funcionários receberam aumento. Mas ele garante que a categoria não vai aceitar atrasos no pagamento de salários: “A qualquer momento que as empresas deixarem de cumprir a convenção coletiva, a reação será imediata. O Natal poderá ser sem ônibus”.