Até corregedor do Detran é preso por fraude em CNHs
Além dele, outras oito pessoas foram detidas ontem por participar de esquema ilegal de desbloqueio de carteiras.
- Da Agência Estado -
Nove pessoas foram presas, entre elas dois policiais, sob acusação de participação em um esquema fraudulento de desbloqueio de carteiras de habilitação em São Paulo. A quadrilha agia dentro da Corregedoria do Departamento Estadual de Trânsito (Detran), cuja sede no centro de São Paulo foi um dos 15 lugares revistados ontem pelos promotores e policiais rodoviários federais que participaram da Operação Cartas Marcadas.
Por R$ 3,5 mil, o bando vendia a motoristas do interior e de Minas Gerais a liberação de CNHs bloqueadas em 2008 pela Operação Carta Branca, justamente pela suspeita de terem sido compradas. Nos últimos três anos, o esquema teria arrecadado R$ 15 milhões em propinas. Os acusados teriam liberado criminosamente 4,5 mil das 29 mil carteiras emitidas em Ferraz de Vasconcelos, na Grande São Paulo, bloqueadas desde 2008.As investigações duraram três meses. O Grupo de Atuação Especial e Repressão ao Crime Organizado (Gaeco) pediu à Justiça a prisão temporária dos suspeitos e 15 mandados de busca e apreensão, todos cumpridos ontem. Em São Paulo, foram presos o investigador Carlos Moroni, que trabalha na Corregedoria do Detran e uma advogada que trabalhava em Guarulhos. Os demais acusados foram detidos em Minas, entre os quais um policial militar. As buscas ocorreram em São Paulo, Guarulhos e quatro cidades mineiras.
As investigações mostraram que, para desbloquear as carteiras, o bando usava falsas declarações de residência. Supostos moradores de Ferraz de Vasconcelos declaravam que os donos das CNHs haviam morado em suas casas. Com esse documento, a Corregedoria do Detran desbloqueava os documentos.
O Gaeco interceptou os telefones dos envolvidos e conseguiu "indícios fortíssimos" do esquema. "Muitos beneficiados pelo esquema eram pessoas que não tinham condição de passar nos exames, como deficientes e analfabetos", disse o inspetor da PRF, Alexandre Castilho.
Tabela de preçosO esquema de liberação das carteiras tinha uma tabela segundo o local de origem da CNH. Desbloquear documento de Ferraz de Vasconcelos, por exemplo, era mais caro do que de Suzano.