Obama declara a morte de Osama Bin Laden
Líder do grupo extremista islâmico Al-Qaeda estava nas listas dos dez principais terroristas procurados pelo FBI antes de 2001.
- De Agências Internacionais - O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, anunciou na madrugada desta segunda, 2, a morte de Osama Bin Laden, líder do grupo extremista islâmico Al-Qaeda e organizador dos atentados terroristas às torres gêmeas do World Trade Center, em Nova York, e ao Pentágono, em 11 de setembro de 2001. Caçado desde então pelas forças americanas, Bin Laden foi morto durante operação da CIA, a principal agência de inteligência dos EUA, em uma região montanhosa do Paquistão, próxima à fronteira com o Afeganistão. O cadáver do líder da Al-Qaeda, de 54 anos, está em poder das forças americanas.Casa Branca. O presidente Barack Obama lê sua declaração - Foto: Pablo Martinez Monsivais/AP
"A Justiça foi feita", declarou Obama. Conforme descreveu, não houve agentes americanos nem civis paquistaneses feridos durante a operação. "Eles o mataram, e estão em posse de seu corpo."
Obama informou que, ao assumir a Presidência dos EUA, determinou ao então diretor da CIA, Leon Panetta, tratar como sua principal prioridade a tarefa de "matar ou capturar" Bin Laden. Embora tenha destacado agora ser possível "respirar aliviado", advertiu ser ainda missão dos EUA eliminar a Al-Qaeda.
"Nós não toleraremos ameaças a nossa segurança nacional nem a nossos aliados. Não há dúvidas que a Al-Qaeda continuará a nos atacar", afirmou. "Quero deixar claro, como o fez o presidente George W. Bush, que a Guerra ao Terror não é contra o Islã. A Al-Qaeda é um destruidor em massa de muçulmanos."
O presidente americano fez questão de agradecer a cooperação das forças paquistanesas, considerada essencial para o sucesso da operação de caça a Bin Laden. Conforme relatou, manteve uma conversa com o presidente paquistanês, Asif Ali Zardari, antes de seu anúncio.
Enquanto Obama fazia seu pronunciamento, dezenas de norte-americanos cercavam a Casa Branca
comemorando a morte do terrorista.
A Casa Branca avisou que Obama faria uma declaração à Nação sobre uma "questão de segurança nacional" por volta das 22 horas de ontem (23h, horário de Brasília). Seu discurso estava previsto para meia hora depois. Autoridades preveniram os jornalistas credenciados para "voltar ao trabalho". Pouco depois, os principais meios americanos antecipavam a razão, sem mais detalhes. Uma pequena multidão se reuniu em frente aos jardins da Casa Branca, cantando o hino americano, para celebrar a notícia antes mesmo do anúncio de Obama, às 23h30 (0h30, no horário de Brasília).Soldados paquistaneses na fortaleza em que Osama bin Laden foi morto neste domingo (1º) em Abbotabad, no Paquistão, segundo o governo dos EUA. O local estava isolado por um tapume vermelho (Foto: AP)
A operação, sigilosa, foi executada no domingo por um comando especializado da Marinha dos EUA. Um pequeno grupo de soldados conseguiu matar Bin Laden em uma fortaleza na cidade de Abbotabad, próximo a Islamabad, capital do Paquistão.
Quatro helicópteros teriam sido usados na operação. A mansão fortificada ficou em chamas após o atentado.
Um oficial de Segurança Nacional disse à agência Reuters que a missão da equipe era matar, e não capturar Bin Laden.
Fontes do governo disseram à agência Reuters que o cadáver seria tratado de acordo com as tradições islâmicas.A imprensa americana afirmou que o corpo já teria sido sepultado, no mar, conforme o costume. Nenhum país teria aceitado receber o corpo do terrorista, segundo as fontes citadas.Funcionários do governo e um congressista disseram que Bin Laden morreu com um tiro na cabeça, mas também não havia informação oficial sobre isso.Uma autoridade disse à agência Reuters, sob anonimato, que testes de DNA e técnicas de reconhecimento facial seriam usados para ratificar a identificação do corpo.
A mesma autoridade disse que a ação foi acompanhada em tempo real por Leon Panetta, diretor da CIA, e por outras autoridades da inteligência americana, na sede da CIA, na cidade de Langley, no estado americano da Virgínia. A confirmação da morte foi recebida com aplausos prolongados, segundo a fonte.TVs locais paquistanesas mostraram o que seriam imagens do cadáver desfigurado de Bin Laden, mas não havia confirmação oficial da veracidade.
Mais quatro mortesFuncionários do governo americano também afirmaram que outros três homens e uma mulher teriam morrido no ataque, que teve a duração de 40 minutos.Um dos homens seria um dos filhos do terrorista. Outros dois trabalhavam como mensageiros para Osama. Já a mulher teria sido morta ao ser usada como escudo humano por uma das vítimas. Ainda não havia confirmação oficial destas informações.A operação estava sendo planejada desde agosto do ano passado, após os americanos terem conseguido uma pista segura sobre o paradeiro de Bin Laden. Obama disse ter autorizado a execução na sexta-feira. Neste domingo (1º), um pequeno grupo de soldados americanos conseguiu matá-lo em um esconderijo nos arredores de Islamabad, capital do Paquistão.
Houve troca de tiros, mas, segundo Obama, nenhum militar americano ficou ferido na operação e cuidados foram tomados para que nenhum civil fosse ferido.Segundo o presidente, o corpo do terrorista está em poder das autoridades dos EUA."Nesta noite tenho condições de dizer aos americanos e ao mundo que os Estados Unidos conduziram uma operação que matou Osama Bin Laden, o líder da al -Qaeda e terrorista responsável pelo assassinato de milhares de homens, mulheres e crianças."
A morte de Bin Laden já havia sido divulgada pela rede de TV CNN e confirmada por três fontes norte-americanas e também havia sido anunciada pela agência de notícias Reuters.Bin Laden estava nas listas dos dez principais terroristas procurados pelo FBI antes de 2001, em função dos atentados contra embaixadas americanas na Tanzânia e no Quênia, na África. O ataque aos Estados Unidos, há quase dez anos, foi o primeiro desde o bombardeio japonês a Pearl Harbour, no Hawai, em 1941. A operação de 11 de setembro de 2001 envolveu o seqüestro de quatro aviões comerciais, lançados contra as torres do World Trade Center, em Nova York, e a sede do Pentágono, em Arlington. O número de mortos chegou a 2.974, além dos 19 sequestradores.
A resposta do então governo de George W. Bush marcou o início da Guerra ao Terror, que continua em curso. Aliado à Al-Qaeda, o regime do Taliban, no Afeganistão, foi deposto. Operações militares e de inteligência prenderam e mataram líderes e seguidores dos grupos extremistas islâmicos que deram cobertura a Bin Laden e a sua organização. O terrorista de origem saudita negou ter liderado o ataque aos EUA até 2004, quando admitiu sua responsabilidade e informou ter-se inspirado no ataque de Israel a torres de Beirute durante a Guerra do Líbano, em 1982.
Procurado havia pelo menos dez anos pelos EUA, Bin Laden é considerado o mentor dos atentados de 11 de Setembro de 2001, que derrubaram as Torres Gêmeas em Nova York, atingiram o Pentágono e deixaram cerca de 3.000 mortos.
O terrorista também é conhecido por ataques a alvos norte-americanos na África e no Oriente Médio na década de 1990.Osama Bin Laden (Foto: AP)
Após os atentados em NY, ele se tornou o homem mais procurado do mundo, com uma recompensa de US$ 25 milhões por sua cabeça. Desde então, passou a ser buscado por dezenas de milhares de soldados dos Estados Unidos e do Paquistão.Nesse período, Bin Laden reaparecia episodicamente em gravações de áudio e vídeo ao longo dos anos, alto, magro, sempre usando barba.
Bin Laden nasceu em Riad na Arábia Saudita em 1957, em uma família de mais de 50 irmãos. Ele era filho do magnata da construção Mohamed bin Laden. Seu primeiro casamento foi com uma prima síria, aos 17 anos. Acredita-se que ele tenha tido 23 filhos com ao menos cinco esposas.Bin Laden utilizou sua fortuna para financiar a Jihad (guerra santa) contra os soviéticos e depois contra os americanos. Em 1973, entrou em contato com grupos radicais islâmicos. Após a invasão soviética do Afeganistão em 1979, viajou para este país para combater os invasores com o apoio da CIA, a Agência Central de Inteligência americana. Sua organização, a al-Qaeda ("A Base"), foi fundada em 1988, um ano antes da retirada soviética do Afeganistão.Em 1989, ele voltou à Arábia Saudita. Após o estouro da guerra do Golfo em 1991, ele criticou a família real por ter autorizado o desembarque de soldados americanos em território saudita, posição que lhe rendeu o status de persona non grata no seu próprio país.Instalou-se então no Sudão, onde os serviços americanos de inteligência o acusaram de financiar campos de treinamento de terroristas. Em 1994, foi definitivamente privado da nacionalidade saudita.Em 1996, o Sudão, submetido à pressões americanas e da ONU, pediu a Bin Laden que fosse embora do país. Ele foi então para o Afeganistão, onde organizou uma dezena de campos de treinamento e passou a lançar apelos contra os Estados Unidos.A ação mais espetacular que lhe foi atribuída antes do dia 11 de setembro foi um ataque contra as embaixadas americanas na Tanzânia e no Quênia, no dia 7 de agosto de 1998, que causou 224 mortos e milhares de feridos.Em 1999, ele foi incluído na lista da Birô Federal de Investigações americano (FBI) entre as dez pessoas mais procuradas do mundo.Bin Laden também foi acusado de ter ordenado o ataque contra o navio americano "USS Cole" no Iêmen, que fez 17 mortos em outubro de 2000.Ataque ao World Trade Center em New York em 11 de setembro de 2001