Hoje, 9 de julho, faz 79 anos que começou a revolução dos paulistas contra a ditadura Getúlio Vargas.
- De O Estado de S.Paulo - Após 87 dias de combates, com mil mortos dos dois lados, os constitucionalistas foram derrotados. Mas houve conquistas políticas, como a nomeação do engenheiro Armando de Salles Oliveira como interventor do Estado. O movimento contou com 60 mil voluntários.
Os Veteranos da Revolução Constitucionalista de 1932 criaram um canal de comunicação inédito para preservar a memória do conflito: o 32 em Movimento. Publicado mensalmente na internet, o jornal virtual tem 24 páginas e traz depoimentos de combatentes, artigos sobre a revolução e reportagens com denúncias sobre o descaso contra seus símbolos.
"Recordo-me do dia 23 de maio, quando assassinaram os quatro estudantes (Miragaia, Martins, Dráusio e Camargo, daí a sigla MMDC). Estava na Rádio Record e houve tiroteio na porta da emissora", lembrou, nas páginas da edição de junho, o ex-combatente Alfredo Pires Filho, de 88 anos.
Com 12 anos em 1932, ele atuou como mensageiro durante a guerra e descreveu ao jornal a invasão de sua escola. "Lembro-me de quando soldados do governo invadiram o Colégio São Bento, pois souberam que lá havia armas guardadas e poderia abrigar uma base de resistência." O jornal com a íntegra dos depoimentos, lançado em janeiro, pode ser lido em www.sociedademmdc.com.br.
Para a Sociedade Veteranos de 1932 - MMDC, entidade que edita o jornal, os depoimentos dos ex-combatentes são o ponto forte da publicação. E, como muitos são inéditos, valem como documento histórico. "Guarda o testemunho de um conflito que precisa ser lembrado com o maior número de detalhes possível. E é outro meio de evitar que uma história cada vez menos contada seja esquecida", disse o coronel Mário Fonseca Ventura, secretário da Sociedade.
No ano que vem, quando a Revolução de 32 completa seu 80.º aniversário, a Sociedade pretende lançar um livro que reunirá todas as edições do jornal, além de depoimentos inéditos de ex-combatentes. "A cada mês, também temos espaço para lembrar dos combatentes que já se foram. Muitos familiares escrevem sobre o convívio e as histórias contadas", explicou a artista plástica Camila Giudice, de 28 anos, responsável pelo jornal e neta do combatente Paulo Lobato Giudice.
Com a publicação, combatentes que nunca haviam escrito ou gravado entrevistas deixaram no papel suas memórias de guerra. É o caso de Oswaldo Raphael Santiago, que combateu em Itapetininga e, agora, tem suas memórias contadas em um artigo no jornal. Aos 17 anos, ele combateu em três cidades diferentes.
A partir dos depoimentos no jornal, outros antigos combatentes resolveram gravar entrevistas - que serão publicadas nos próximos números. "Não foi feita a lista de todos os combatentes. Então é importante mostrar que estamos com um novo espaço, para incentivar ex-combatentes a entrar em contato", ressaltou o coronel Ventura. "Se o jornal servir para isso, estaremos cumprindo nossa missão."
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