As denúncias da Revista Veja contra o ministro do Esporte, Orlando Silva Junior, poderiam causar espanto, caso já não estivéssemos acostumados com as baixarias envolvendo os chamados “altos escalões do governo”
Para não ir muito longe, ao Mensalão do Lula, por exemplo, nem ao Mensalão do Arruda, basta lembrar o Propinoduto no Ministério dos Transportes do Alfredo Nascimento e as Mordomias (pagamento do mordomo com dinheiro público) do ex-ministro do Turismo Pedro Novais.
Mas, apesar disso, as denúncias são muito graves para serem respondidas apenas com entrevistas e notas pelo twitter do Ministro do Esporte.
Aliás, as denúncias pegam o ministro em pleno desfrute do dinheiro público nos Jogos Pan-Americanos de Guadalajara, no México. Acompanhado até de assessor de imprensa. O que o ministro está fazendo lá? “Chefiando” a delegação brasileira? “Dando uma força” pros nossos atletas? E o assessor de imprensa, foi fazer o que, a não ser embolsar também suas “diariazinhas” de viagem? Resposta: estão lá gastando diárias pagas com o nosso dinheiro, quando deveriam estar em Brasília trabalhando como qualquer cidadão decente desse país.
Mas é muito fácil viajar pelo mundo sem gastar nada, com passagens, diárias e hospedagens 5 estrelas pagas pela “viúva”, ou seja, o Tesouro Nacional. Imaginem quanto custa uma mordomia dessas. Enquanto isso, a Veja denuncia que o ministro foi acusado por uma cara de seu próprio partido (PCdoB B, Partido Comunista do Brasil, quá, quá, quá...) de embolsar propinas do programa Segundo Tempo, mantido pelo Ministério do Esporte para crianças carentes.
De acordo com a denúncia, o ministro recebeu propina até na garagem do Ministério. E o total de grana desviada chegaria R$ 40 milhões.
O esquema utilizava ONGs que recebem verba do Ministério do Esporte e a “taxa” cobrada pelo ministro, segundo a denúncia era de 20% do valor da verba destinada pra cada uma. Tudo é informado com riqueza de detalhes (veja a reportagem completa no final da matéria). Na matéria tem um outro cara afirmando que entregou pessoalmente a grana ao ministro, na garagem do Ministério!
Não é novidade nenhuma que as ONGs (Organizações Não-Governamentais, se é que alguém não sabe) foram a grande invenção brasileira para armar esquemas de desvio de dinheiro público. Portanto, pelo menos nesse aspecto, um propinoduto desse tipo não seria novidade.
Por isso, mão basta o ministro twittar desmentidos indignados e dar entrevista lá do México garantido que a Dilma mandou ele seguir em frente – no bom sentido, é claro... – no Ministério. Uma jogada típica de quem quer se segurar no cargo e corre pra buscar o apoio da poderosa da hora.
Se é tudo mentira, o ministro tem que vir embora logo e partir pra cima dos denunciantes, com polícia, processo, o diabo. O negócio é muito sério pra ficar só nesses desmentidos formais. Ele tem que provar que não roubou o dinheiro público e botar os acusadores na cadeia. Mas se ele continuar em Guadalajara e só voltar no fim do Pan pra ver se esqueceram o caso, vai ser como se enfiasse a carapuça na cabeça.
E não é só ele que tem que se explicar: o nome governador do DF, Agnelo Queiroz, de quem Silva Junior herdou o cargo como colega de partido, também entrou na roda, acusado pelos mesmos caras de ter iniciado o propinoduto do Segundo Tempo em sua gestão no Ministério. Agnelo também já desmentiu as acusações em nota oficial, mas tal como Orlando Silva Júnior, se ficar só nisso, vai ser difícil acreditar que não tem nada com isso.
Afinal, como se dizia na Roma antiga,
não basta a mulher de César SER honesta. Ela tem que PARECER honesta!
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