- Por Gilberto Dimenstein/Folha.com - Os partidos políticos, especialmente o PT, são responsáveis por jogar lama numa ideia encantadora: a de que se pode fazer um serviço público, ajudando a comunidade, sem necessariamente ter de estar no governo ou ser filiado a algum partido.
Sou dos que acham de que todo e qualquer cidadão deveria ser ensinado a prestar algum tipo de serviço em sua comunidade. Um dos meus orgulhos na vida é ter sido voluntário neste tipo de entidade.
Inspirei-me em maravilhosos casos de instituições que fizeram e fazem a diferença nas mais variadas áreas, da infância ao meio ambiente, passando pelas artes, adiantando-se aos governos. É onde se prestam projetos inovadores, que depois são replicados.
Aponte um avanço social brasileiro e verá uma entidade não-governamental participando da mobilização na proteção de mulheres, negros, índios, crianças com deficiência, idosos, homossexuais.
Essa combinação de fazer uma ação pública sem participar de governos ou partidos atraiu, no Brasil, jovens desencantados da política, mas querendo fazer a diferença. É uma dimensão das políticas públicas avançadas em que o governo não é o único protagonista.
Mas os partidos políticos brasileiros descobriram um filão de malandragem, usando a imagem das ONGs para acobertar falcatruas.
O custo disso pode ir muito além dos milhões desviados. Pode gerar o aumento do desencanto dos jovens e das pessoas que querem melhorar sua comunidade.
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A melhor coisa que se faz é investigar cada vez mais as ONGs, especialmente as que tiverem acertos com os governos, para gerar transparência.
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Gilberto Dimenstein, 54, integra o Conselho Editorial da Folha e vive nos Estados Unidos, onde foi convidado para desenvolver em Harvard projeto de comunicação para a cidadania.Ilustração: JIB Online