- Do G1 -
Trabalhadores pedem reajuste salarial e revisão do plano de carreira
Governo federal e servidores ainda não entraram em acordo.
Servidores da Justiça Federal, da Justiça do Trabalho e Justiça Eleitoral fazem uma greve por tempo indeterminado em pelo menos 16 estados do país. O número deve subir para 17 estados, quando os servidores de Minas Gerais aderirem ao protesto a partir da próxima quinta-feira (3).Nesta segunda-feira (31), estão paralisados os funcionários públicos do Judiciário dos estados de Acre, Alagoas, Amazonas, Bahia, Ceará, Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Paraíba, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Rondônia, Roraima, São Paulo e Piauí.Os trabalhadores do Judiciário federal reivindicam a aprovação do projeto de lei 6613/2009, que prevê reajuste de salário da categoria em 56%, em média, e reformulação do plano de carreira. De acordo com os sindicatos nos estados, os trabalhadores estão sem reajuste desde 2006. A negociação salarial é feita com o governo federal, através do Supremo Tribunal Federal, e, até agora, não foi feito nenhum acordo com os servidores.
AmazonasNo Amazonas, os Servidores do Tribunal Regional do Trabalho da 11ª Região AM/RR permanecem em greve desde o dia 4 de outubro. O movimento também é por tempo indeterminado. Sem aumento há mais de cinco anos e sem conseguir avançar no Congresso com o PL 6613/09, a classe mantém cerca de 60% do efetivo do Regional, em Manaus, paralisado.
O vice-presidente do SitraAM/RR, Allan Faria de Oliveira, disse ao G1 que a ação tem como objetivo a luta pela reposição dos rendimentos que foram perdidos com os constantes aumentos da inflação.
Durante a inauguração da Ponte Rio Negro, com a presença da presidente Dilma, servidores do TRT, da Justiça Federal (JF) e do Tribunal Regional Eleitoral (TER) do Amazonas, fizeram protesto durante o discurso da presidente.
BahiaAs justiças Federal e Militar da União, além do Tribunal Regional do Trabalho da 5ª região e o Tribunal Regional Eleitoral na Bahia, estão em greve desde 1ª de junho. De acordo com o Sindicato dos Servidores do Poder Judiciário na Bahia (Sindjufe-BA), 40% do efetivo de funcionários estão em atividade durante o período grevista, atendendo a serviços essenciais, a exemplo de habeas corpus, casamentos e mandados de segurança.
CearáOs servidores da Justiça Federal do Ceará estão em greve por tempo indeterminado desde o dia 24 de outubro, segundo o Sindicato dos Trabalhadores da Justiça Federal do Estado do Ceará (Sintrajufece). A categoria pede a aprovação do projeto de lei 6613/2009, que trata da revisão do plano de carreira dos servidores do Judiciário da União.
Em assembleia ocorrida na sede da Justiça Federal no Ceará, em Fortaleza, no dia 18 de outubro, servidores do Anexo Aldeota, da 21ª Vara Federal e das subseções judiciárias de Juazeiro do Norte, Quixadá e Sobral decidiram, por 116 votos, pela greve também contra a postura dos deputados federais, em pautar o PL 549/09, que limita os gastos da União com pessoal. Para os servidores, isso significa congelamento salarial.
Apenas seis servidores votaram contra a paralisação das atividades, de acordo com o sindicato. Outros quatro, defenderam a realização de paralisações diárias de 1h, afirmou o Sindicato.
Mato GrossoEm Mato Grosso, os servidores públicos do Tribunal Regional Eleitoral (TRE) e da Justiça do Trabalho e Federal completaram 147 dias de greve nesta segunda-feira (31).
(Correção: ao ser publicada, esta reportagem errou ao informar que os servidores em Mato Grosso estavam em greve há 107 dias. O erro foi corrigido às 19h35.)
Segundo o presidente do Sindicato dos Servidores do Poder Judiciário Federal (Sindijufe-MT), Pedro Aparecido de Souza, atualmente cerca de 40% dos 1.100 servidores estão paralisados no estado cobrando reposição salarial referente aos últimos cinco anos e o fim da possibilidade de congelamento dos salários para os próximos 10 anos, conforme prevê o projeto de lei 549/2009 em tramitação na Câmara Federal. Ainda segundo Pedro Aparecido, no dia 3 de novembro, quando o movimento completará cinco meses, os servidores vão reavaliar em assembleia se mantêm ou não a greve.
Mato Grosso do SulDe acordo com o presidente do Sindicato dos Servidores do Poder Judiciário Federal e Ministério Público da União em Mato Grosso do Sul (Sindjufe-MS), Ricardo Rocha, aproximadamente 200 servidores aderiram ao movimento grevista no estado. A paralisação começou no último dia 20 e a próxima assembleia da classe está marcada para a quinta-feira, 3 de novembro.
Segundo ele, a categoria é contra a decisão do governo de congelar os salários do Judiciário pelos próximos dez anos. No estado, de acordo com Rocha, os servidores já estão há cinco anos sem reajuste.
Minas GeraisOs servidores das Justiças Federal, Eleitoral, do Trabalho e Militar em Minas Gerais estão organizados para iniciar um movimento de greve a partir desta quinta-feira (3) em todo o estado. De acordo com o Sindicato dos Trabalhadores do Poder Judiciário Federal no Estado de Minas Gerais (Sitraemg), os servidores reivindicam reposição salarial, melhoria das condições de trabalho e maior valorização do judiciário.
ParaíbaServidores da Justiça do Trabalho e Eleitoral estão em greve por tempo indeterminado desde o dia 13 de outubro. Segundo o coordenador geral do Sindicato dos Trabalhadores do Judiciário Federal no Estado da Paraíba (Sindjuf -PB), Marcos Santos, os trabalhadores reivindicam há dois anos reajuste salarial. Ele disse que estão desde novembro de 2006 sem aumento e pedem um reajuste de 32% apenas para repor a inflação do período.
A Justiça Federal também parou no dia 13, mas voltou no último dia 27, porque “há uma pressão maior sobre os servidores, ameaça de cortes e desconto de salários, mesmo sem a greve ser considerada ilegal. Portanto, eles continuam em estado de greve, mas trabalhando normalmente”, segundo Marcos Santos.
Segundo o presidente do Sindicado dos Servidores do Poder Judiciário do Estado da Paraíba (Sinjep), João Ramalho, na Justiça estadual as negociações estão indo bem e a greve não é necessária.
PernambucoEm Pernambuco, os servidores do Judiciário Federal entraram em greve no dia 18 de outubro. Na época, aderiram à paralisação metade dos servidores da Justiça do Trabalho e Eleitoral, que somados representam 50% da categoria. Ao todo, são dois mil funcionários.
Atualmente, estão em greve 300 servidores da Justiça Eleitoral, cerca de 30% da categoria. Estão fechados 40 cartórios eleitorais da Região Metropolitana do Recife e interior do estado. Entre eles, o mais procurado pelos eleitores da capital pernambucana, que fica instalado no Forte das Cinco Pontas, no Bairro de São José, que agrega oito cartórios.
De acordo com a presidente do Sindicato dos Trabalhadores do Judiciário Federal em Pernambuco (Sintrajuf-PE), Jacqueline Albuquerque, estão mantidos os serviços essenciais, como emissão de certidão eleitoral e expedição do título de eleitor. Antes de serem realizados, os atendimentos passam por uma triagem.
Rio de JaneiroNo Rio de Janeiro, o Sindicato dos Servidores das Justiças Federais (Sisejufe –RJ) afirmou que estima em 60% a adesão à greve. De acordo com Roberto Ponciano, coordenador de imprensa do sindicato, há adesão nas varas federais e no Tribunal Regional Eleitoral. Já no Tribunal Regional do Trabalho, a greve não teve tanta adesão.
De acordo com Ponciano, é feito um rodízio entre os servidores para que seja cumprido os 30% de servidores trabalhando exigidos por lei. Além da capital, há adesão à greve também em municípios como Niterói, São Gonçalo, Campos, Volta Redonda, Petrópolis e São João de Meriti.
Rio Grande do SulNo Rio Grande do Sul, a greve teve início em 17 de outubro. De acordo com o Sindicato dos Trabalhadores do Judiciário Federal no estado (Sintrajufe-RS), as audiências na Justiça do Trabalho, Eleitoral e Federal fora adiadas para que não houvesse prejuízo aos processos. Houve paralisação na Justiça do Trabalho em 33 cidades, na Justiça Federal em 14 cidades e na Justiça Eleitoral em 4 cidades, segundo o Sindicato.
Segundo a assessoria da Justiça Federal da 4ª região, a adesão varia de acordo com cada cidade. Em Porto Alegre, apesar da paralisação, não foram registrados problemas no atendimento à população.
São PauloEm São Paulo, os trabalhadores estão em greve desde 27 de setembro, segundo o Sindicato dos Trabalhadores do Judiciário Federal do Estado de São Paulo (Sintrajud). O sindicato não sabe estimar o percentual de adesão ao movimento.
No ano passado, a categoria ficou 69 dias paralisada pelo mesmo motivo. O sindicato planeja um protesto contra o presidente do Supremo Tribunal Federal, César Peluzo, no Centro de São Paulo.
A Justiça Federal confirma que a paralisação ocorre há algumas semanas, mas acrescenta que o atendimento não foi totalmente prejudicado, porque há sempre funcionários à disposição nos balcões de atendimento. Além da greve, o expediente nos fóruns federais da 3ª Região (São Paulo e Mato Grosso do Sul) e no Tribunal Regional Federal da 3ª Região estão suspensos nos dias 31 (comemoração ao Dia do Servidor), 1º de novembro (feriado legal, de acordo com o artigo 62 da Lei 5.010/66) e 2 de novembro (Finados).
(*Com informações do G1 Amazonas, Bahia, Ceará, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraíba, Pernambuco, Rio de Janeiro e São Paulo)