- Da Folha.Uol - O Ibama aplicou uma multa de R$ 50 milhões à Chevron por causa do vazamento de óleo do campo de Frade, na bacia de Campos. A cifra é a máxima previsto para penalidades administrativas aplicadas pelo órgão ambiental
A multa se refere à poluição causada pelo petróleo derramado no mar. Segundo o presidente do Ibama, Curt Trennepohl, a petroleira pode ser multada ainda em mais R$ 10 milhões, caso seja constatado que houve falha no plano de emergência para conter o vazamento.
Barcos trabalham para conter o petróleo que vazou do poço operado pela Chevron. Foto: Rogério Santana/Divulgação.
Trennepohl disse que tem até quarta-feira para apresentar mais documentos que comprovem se a execução do plano está de acordo com as regras do órgão ambiental.
O presidente do Ibama afirmou que até agora não "há indícios" sobre um eventual "dolo" da companhia no caso. Ou seja, o vazamento não foi intencional e se trata, de fato, de um acidente.
Segundo Trennepohl, o volume de óleo que vazou foi estimado inicialmente em 2,3 mil barris, mas novas avaliações estão sendo feitas. O Ibama, diz, pode ainda acionar a companhia na Justiça com uma ação civil pública. "Mas, para isso, precisamos dimensionar melhor o tamanho do vazamento."
MAIS MULTAO secretário do Ambiente do Rio, Carlos Minc, disse que o governo do Estado estuda aplicar multa de até R$ 30 milhões à petroleira Chevron, além de cobrar reparação pelos danos causados com o vazamento de óleo no campo de Frade. Os custos de reparação, que segundo o secretário poderiam servir, em parte, para compensar pescadores prejudicados, serão pelo menos R$ 10 milhões.
Segundo Minc, em um dos sobrevoos que fez à região, foi possível avistar baleias jubarte nadando a aproximadamente 300 metros da mancha de óleo.
"A agressão [ao ecossistema] é obvia. Além disso, as algas e os microorganismos, que são a base de toda a cadeia alimentar, também foram atingidos", acrescentou.
O secretário do Ambiente disse que vai pedir ao Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) o descredenciamento da Transocean, empresa contratada pela Chevron para fazer a perfuração no campo de Frade.
"Ela operou de forma inadequada. Usou uma pressão brutal ao lado de uma fissura de 300m. É lógico que iria jorrar óleo para tudo quanto é lado", disse.
O secretário lembrou que a companhia também era a contratada da British Petroleum, quando houve o vazamento de óleo no Golfo do México, no ano passado.
IMPACTOS
O ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, disse hoje em São Paulo que o governo aguarda um relatório sobre os impactos do vazamento de petróleo no campo de Frade, na bacia de Campos, controlado pela norte-americana Chevron.
"Só com o relatório da ANP teremos condições de saber o volume de óleo que vazou", disse Lobão ao deixar o seminário sobre energia promovido pela revista Exame.
O ministro reconheceu que o governo ainda não tem detalhes sobre as dimensões do acidente e negou que tenha sido lento ao agir no caso.
Lobão afirmou ainda que técnicos da ANP (Agência Nacional do Petróleo) foram enviados a plataforma para acompanhar de perto as ações da Chevron.