- Do Correio Braziliense - Vinte brasileiros retornaram ao Brasil neste domingo (15) e outros seis devem voltar entre segunda e terça-feira
Eles estavam no luxuoso cruzeiro Costa Concordia que naufragou na madrugada de sexta-feira para sábado e custou a vida de cinco pessoa.
Em Brasília, além da jornalista Alana Rizzo, desembarcaram hoje o casal João Jorge Squeff e Roselani Castelo Branco Gomes — 54 e 52 anos, respectivamente — e os filhos Ayke, 18, e Kristal, 12.
A jornalista Alana Rizzo, que estava no navio Costa Concordia que naufragou na noite de sexta, desembarca no Aeroporto Internacional Juscelino Kubitschek em Brasília. Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/ABr.
O engenheiro João Squeff, a esposa Roselane, e os filhos Krystal e Ayke, passageiros do navio de cruzeiro Costa Concórdia, desembarcam no Aeroporto Internacional Juscelino Kubitschek, e falam à imprensa sobre o naufrágio na costa italiana. Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/ABr.
Mesmo com a inclinação do navio, João e a família conseguiram resgatar alguns pertences, como cartões de crédito, dinheiro, roupas, casacos e celulares.
"No lado que estávamos, que não tombou, a organização das pessoas nos botes foi tranquila, mas, do outro lado, as pessoas andaram pelo casco, pelas cordas e muita gente que estava dentro das lojas se machucou", contou Roselani.
Ela afirmou que, apesar do medo e da desinformação, os passageiros do Costa Concordia receberam apoio da população da ilha de Giglio. "Eles nos deram lençóis e toalhas e nos abrigaram em lojas e igrejas", relatou. "Quando chegamos na ilha, não tinha ninguém da empresa para ajudar. Só depois ficamos sabendo que o capitão tinha fugido. Só tivemos apoio da Guarda Marinha", ressaltou o marido. "É uma experiência que não faria de novo. Passou pela minha cabeça que eu fosse morrer", relembra Ayke. Depois da experiência, restou o trauma: para a família, cruzeiros nunca mais. "Parece uma coisa supersegura. Vamos entrar com pedido de indenização", completou Roselani.
O acidente
Segundo informações da empresa responsável pelo navio, 4,2 mil pessoas estavam na embarcação no momento do naufrágio — entre elas, 53 brasileiros. A promotoria da localidade de Gressetto determinou, ainda na noite de sábado a detenção do comandante da embarcação, Francesco Schettino, 52 anos, acusado de homicídio culposo múltiplo, de causar o acidente e de abandonar o navio enquanto a maioria dos passageiros ainda estava no local.
Hoje (15), em depoimento, o comandante garantiu que ele e sua equipe foram os últimos a sair do navio, ao contrário do que indica a investigação. Schettino negou que as pedras que rasgaram o casco do Costa Concordia, perto da ilha de Giglio, constassem nos mapas que ficam na cabine. "Não deveríamos ter sofrido esse impacto", afirmou, justificando que o sistema de navegação automática do cruzeiro tampouco detectou os rochedos.
De acordo com o promotor de Gressetto, Francesco Verusio, o comandante italiano "se aproximou da ilha de forma imprudente" e fez uma manobra errada, causando o acidente. Isso teria feito a "embarcação se inclinar" e provocado "a entrada de uma enorme quantidade de água em dois ou três minutos". A própria empresa dona do navio abandonou o funcionário à própria sorte. "A Justiça, com a qual a Costa Cruzeiros colabora, determinou a prisão do comandante, contra quem pesam graves acusações. Parece que o comandante cometeu erros de julgamento que tiveram graves consequências", afirmava um comunicado da companhia divulgado ontem. "Suas decisões na gestão da emergência ignoraram os procedimentos da Costa Cruzeiros, que seguem as normas internacionais." A agência Ansa divulgou que Schettino continuará preso esta semana, até que um juiz decida se ele será libertado ou não. Ciro Ambrosi, o primeiro oficial da ponte de comando, também está detido para investigação.
Vítimas
O saldo de mortos no naufrágio subiu de três para cinco pessoas. Além dos corpos de um tripulante peruano e de dois turistas franceses encontrados no sábado, mergulhadores da Guarda Costeira encontraram ontem outros dois de duas vítimas dentro do cruzeiro, de um idoso italiano e de um passageiro espanhol. Os mergulhadores também resgataram três sobreviventes no interior da embarcação: um casal sul-coreano de 29 anos que estava em lua de mel, e o chefe do serviço de bordo Manrico Gianpetroni, que está com a perna quebrada. "Nunca perdi a esperança de ser resgatado. Foi um pesadelo de 36 horas", desabafou para a imprensa.
Uma recontagem reduziu o número de desaparecidos de 36 para 15 — nove passageiros e seis tripulantes —, informou o presidente da região da Toscana, Enrico Rossi. O prefeito de Gressetto, Giuseppe Linardi, explicou que "há muitos estrangeiros e é possível que os nomes estejam mal escritos". Além disso, há casos como o de dois turistas japoneses que foram dados como desaparecidos, mas que apareceram ontem em Roma. Estima-se, ainda, que passageiros que desembarcaram antes em outras cidades não haviam sido retirados da lista.