- Do G1/EPTV - Investigações apontam que garoto foi confundido com menino de rua
Pai dos donos de estabelecimento foi indiciado por preconceito racial.
Câmeras de um prédio perto do
restaurante Nonno Paolo registraram o momento em que um menino negro de 6 anos foi expulso do estabelecimento, que fica na
Zona Sul de São Paulo. O caso aconteceu no fim do ano passado.
O pai dos donos do restaurante foi reconhecido nesta quinta-feira (26) por uma testemunha como o responsável por retirar o garoto. Ele foi indiciado por preconceito racial.
Reportagem EPTV/Globo
As imagens estão com a polícia e vão ser usadas como prova, segundo reportagem do SPTV. As cenas foram gravadas de longe. No vídeo, um homem aparece saindo do restaurante com o menino. Outra câmera mostra que o homem para e o menino segue para a esquina. O homem volta para o restaurante.
A criança fica parada e sozinha na esquina por dois minutos, até a chegada dos pais. Eles vêm correndo, abraçam o filho e retornam para o restaurante.
As investigações apontam que o pai dos donos do restaurante mandou o menino embora após confundi-lo com um morador de rua.
Segundo o delegado Márcio de Castro Nilsson, do 36º Distrito Policial, no Paraíso, ele responderá ao processo em liberdade. "A investigação mostrou que ele praticou racismo. Ele constrangeu o garoto e fez isso em decorrência das características do menino, que é o fato de ele ser etíope e negro", disse.
A tia-avó do garoto, a aposentada Aurora Junqueira, de 78 anos, afirmou que só foi á delegacia para reconhecer o homem por causa do garoto. "O menino merece. E também quero que isso não aconteça outras vezes com outras pessoas."
O caso aconteceu no fim de dezembro. Os pais, que são espanhóis, deixaram o filho sentado na mesa enquanto se serviam no bufê.
A criança é etíope, não fala português e foi adotada há dois anos.Interdição
Na semana passada, o restaurante foi lacrado após a polícia achar pelo menos 80 kg de mercadorias vencidas. Um dos sócios, Fábio Pereira Ferreira, afirmou que as duas cozinhas e o armazém lacrados receberam melhorias como pintura e a compra de novos equipamentos e utensílios. O restaurante contratou também uma assessoria nutricional para sanar problemas com a etiquetagem dos produtos.
O estabelecimento reabriu seu serviço de comida por quilo e “a la carte” na terça-feira (24), quando uma vistoria da Vigilância Sanitária constatou que as adequações solicitadas haviam sido feitas.