- Do Correio Braziliense - Pressão das bancadas para indicar nomes políticos vai esbarrar na decisão da presidente Dilma Rousseff de optar por alternativas mais técnicas em determinadas pastas da Esplanada dos Ministérios
A frustração de não ter o nome indicado pela cúpula do partido para assumir uma cadeira na reforma ministerial não deve se restringir ao PT.
Esse sentimento também deve ser compartilhado pelos demais partidos da base que anseiam emplacar um novo ministro.
A decisão da presidente Dilma Rousseff de nomear Marco Antônio Raupp para o Ministério de Ciência e Tecnologia — a bancada na Câmara apoiava o nome do deputado Newton Lima (SP) — chegou a causar revolta em alguns setores da cúpula petista e serviu de alerta para outras legendas.
Considerado um nome técnico, Raupp foi uma indicação do ministro Aloizio Mercadante, que assumirá o Ministério de Educação no lugar de Fernando Haddad, pré-candidato do PT à prefeitura de São Paulo.
Ao indicar um nome técnico para sucedê-lo, Mercadante ganhou pontos com Dilma, mas irritou os petistas. Foto: Renato Araújo/ABr.
A rejeição do Planalto ao nome de Lima causou uma frustração ainda maior dentro do partido, já que a migração dele para o MCT abriria uma vaga para que José Genoino, réu no processo do mensalão e suplente imediato do PT, retornasse ao Congresso para mais um mandato como deputado federal.
Na expectativa de tentar reverter a decisão de Dilma, o presidente nacional do PT, Rui Falcão, veio a Brasília para pedir uma audiência com ela. Queria argumentar que, além de político, Newton Lima é técnico, já que foi duas vezes reitor da Universidade Federal de São Carlos (UFSCAR). Não foi recebido. O pouco caso de Dilma azedou o ambiente. “Esse argumento (questão técnica) é falso. O Newton Lima também era técnico. Mercadante saiu ganhando com ela [Dilma], mas perdendo com o partido”, disparou um integrante da cúpula do PT. “Tem gente [da base] que precisa ficar esperto daqui para frente”, acrescentou outro.
Entre aqueles que devem ficar “espertos”, no linguajar petista, estão os integrantes da cúpula do PR que tentam emplacar o nome do deputado Luciano Castro (RR) no ministério dos Transportes. Os movimentos de Castro são apoiados pelo presidente do partido, o senador Alfredo Nascimento (AM), e pelo deputado Valdemar Costa Neto (SP). Apesar do apoio dos dois caciques, ganha cada vez mais corpo a tese de que o atual ministro Paulo Sérgio Passos permanecerá no cargo.
Vale-tudo
Outro foco de mudança, o Ministério das Cidades — comandado pelo PP — tornou-se uma verdadeira arena de vale-tudo. Integrantes do partido acusam o atual ministro Mário Negromonte de ter plantado na mídia a informação de que Dilma apoia Márcio Fortes para substituí-lo. O objetivo seria o de tumultuar o processo sucessório, uma vez que Fortes encontra resistência por parte da bancada no Congresso. O Correio publicou ontem que a presidente decidiu deixar Fortes na Autoridade Pública Olímpica (APO) para não ter que promover mais mudanças na estrutura de governo.
Os adversários de Negromonte também colocam na conta do ministro o surgimento do nome do líder do PP na Câmara, Aguinaldo Ribeiro (PB), como um dos cotados para a pasta. “Se houvesse uma lista tríplice para ser apresentada, teria Márcio Reinaldo Moreira três vezes”, assegura um integrante da cúpula do PP. “Negromonte tem errado muito. E está sendo agressivo contra a maioria”, acrescentou.
Grupo de Trabalho vai analisar Lei de Acesso
O Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República (GSI) criou um grupo de trabalho para avaliar impactos e propor uma regulamentação à
Lei de Acesso à Informação. A medida foi publicada na edição de ontem do Diário Oficial.
Além de integrantes da GSI, comporão o grupo de trabalho representantes da Agência Brasileira de Inteligência (Abin).
A lei foi sancionada em novembro de 2011 e determina que órgãos públicos são obrigados a fornecer dados e informações quando solicitados, sem que o cidadão precise justificar o pedido. O prazo para os órgãos se adaptarem à nova legislação termina em maio.