- Por Mariana Lenharo/Estadão -
Um a cada cinco paulistas que contraíram o vírus H1N1 (gripe suína) neste ano morreu
Foram notificados até agora 53 casos da doença, com 11 óbitos, para a secretaria estadual da Saúde, que não divulgou em quais cidades do Estado a doença apareceu.
Embora o número de pacientes infectados esteja dentro do esperado, a porcentagem de mortes nesse grupo, de 20,75%, preocupa os médicos. No País, essa taxa é bem menor: 11,35%.
Em 2011, nesta época do ano, o Estado de São Paulo não havia registrado nenhuma morte por gripe suína. O primeiro óbito foi notificado apenas no final de outubro. A pasta estadual não informou o total de casos ocorridos no ano passado.
“O número de mortes em 2012 é representativo e nos deixa preocupados. Há o receio de que, neste ano, exista uma virulência maior”, diz o infectologista Jean Gorinchteyn, do Instituto de Infectologia Emílio Ribas. Segundo ele, a letalidade em 2012 no Estado é de 5% a 10% superior às expectativas.
Gorinchteyn lembra que o inverno ainda está no começo e, com a possibilidade de dias mais frios nas próximas semanas, a tendência é que situações de confinamento e de aglomeração de pessoas se tornem mais frequentes. É justamente nessas ocasiões que o vírus tem maior circulação.
No País, o vírus já atingiu 449 pessoas e provocou 51 óbitos, de acordo com levantamento do Ministério da Saúde. O número de casos é quase o triplo do total registrado no ano passado inteiro, que teve 181 infectados, com 27 mortes. Entre os outros Estados que já registraram mortes por H1N1 neste ano estão Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e Mato Grosso do Sul.
Apesar da letalidade alta pela doença neste ano, o número de infectados continua dentro do esperado. Isso, segundo Gorinchteyn, indica que o perfil do vírus não mudou. Se houvesse uma alteração nessa característica, a doença teria se espalhado com mais rapidez e teria atingido mais pacientes nesse período.
“O que chama a atenção é o tipo de evolução da doença. Por que os casos estão evoluindo para óbito? Podemos imaginar que os pacientes atingidos são aqueles que teriam mais risco de desenvolver a forma grave da doença: idosos e imunodeprimidos”, opina.
Especialistas reforçam a importância da vacinação para evitar uma possível epidemia, a exemplo do que ocorreu em 2009, quando a doença surgiu.
A infectologista Graziella Hanna Pereira, do Complexo Hospitalar Edmundo Vasconcelos, observa que quanto maior a cobertura vacinal, menor o risco de surgirem novos casos.
Neste ano, contudo, a Campanha Nacional de Vacinação contra a Gripe teve uma adesão menor do que a esperada no Estado de São Paulo.
Para diferenciar uma possível infecção pelo vírus H1N1 de uma gripe comum, ou de um resfriado, Graziella recomenda que o paciente observe sua respiração: se houver falta de ar e alteração na frequência da respiração, ele deve procurar um médico.O novo Protocolo de Atendimento à Influenza, criado pelo Ministério da Saúde no ano passado e divulgado em março, por meio de um Boletim Epidemiológico da Secretaria de Vigilância em Saúde, enfatiza que todo paciente deve procurar um serviço da saúde caso apresente a síndrome gripal, “definida pelo surgimento, simultaneamente, de febre de início súbito, mais tosse ou dor na garganta, mais cefaleia (dor de cabeça) ou mialgia (dor nos músculos) ou artralgia (dor nas articulações).”
Pacientes imunodeprimidos, que apresentam alguma doença crônica, como diabete e obesidade, grávidas e idosos devem ficar especialmente atentos ao sinais, caso não tenham sido vacinados.