A reta final da campanha eleitoral em São Paulo vem apresentando um movimento de queda de Celso Russomanno (PRB), líder nas pesquisas desde meados de agosto, acompanhado por uma alta nas intenções de voto dos dois candidatos que mais criticam o perrebista: Fernando Haddad (PT) e Gabriel Chalita (PMDB)
- Por Vinícius Segalla, do Uol - O crescimento deste último nas pesquisas, de acordo com especialistas em ciência política e com os coordenadores das campanhas de São Paulo, fazem com que o peemedebista e o seu partido ganhem uma nova envergadura política na cidade e no Estado, o que poderá alterar o ambiente polarizado entre PSDB e PT em São Paulo.
Arte/UOL
Há duas semanas, Fernando Haddad e Gabriel Chalita passaram a criticar Russomanno
Do dia 20 de setembro até o dia 3 de outubro, Celso Russomanno foi de 35% para 25% das intenções de voto, segundo o Datafolha. No mesmo período, Haddad e Chalita subiram três pontos percentuais cada um, chegando a 19% e 11%, respectivamente. A pesquisa do dia 3 foi a primeira em que o candidato do PMDB apareceu com mais de 10% (ele começou a campanha com 7%).
"O grande beneficiado (pela queda de Russomanno) é o Chalita. É para ele que está indo os votos que estão saindo do Celso", afirma Marcos Pereira, presidente do PRB e coordenador da campanha de Russomanno.
De acordo com ele, a queda de seu candidato nas pesquisas é causada pelos ataques que vem viria sofrendo de todos os outros concorrentes na eleição, mas é Chalita quem conseguiu absorver os votos perdidos, já que ocupa o mesmo espaço político que Russomanno - o de oposição à administração atual - apoiada por José Serra (PSDB) - e avesso à ideia de um governo do PT.
"Atribuo queda de Russomanno à união de todos os demais candidatos, que começaram a 'bater' nele. São 56 minutos de horário eleitoral contrários ao nosso candidato", disse Marcos Pereira, somando o tempo de todos os candidatos que não Russomanno na propaganda eleitoral da tarde e da noite.
Para o deputado estadual Simão Pedro (PT), um dos coordenadores da campanha de Fernando Haddad, a campanha de Gabriel Chalita tem como principal mérito o de ffortalecer a posição do PMDB em São Paulo. "A candidatura de Chalita vem cumprindo o objetivo de fazer com que o PMDB se renove no Estado", analisa o deputado. "O partido precisava de lideranças novas em São Paulo. Chalita é uma figura carismática, pode ser um bom puxador de votos pra aumentar a bancada do PMDB paulista no Congresso nas eleições de 2014".
Esforço extra na reta finalA alta de Chalita nas últimas pesquisas deu um ânimo extra para a sua equipe de campanha na reta final do primeiro turno. Segundo Alex Dário, vice-presidente do PMDB da cidade de São Paulo e membro da coordenação da campanha de Chalita, os cerca de mil profissionais contratados para trabalhar nas ruas, tremulando bandeiras ou distribuindo adesivos, irão trabalhar duas horas a mais por dia até a noite de sábado, véspera da eleição.
"Eles (equipe de rua) trabalhavam sete horas por dia, mas, nos últimos dias, vieram nos pedir para trabalhar um pouco mais, porque estão motivadíssimos com a campanha e com as pesquisas", afirma o peemedebista.
Segundo ele, a postura da campanha nas últimas semanas, quando passou a atacar Russomanno, explica apenas em parte a queda do candidato do PRB e a subida de Chalita. "Não escolhemos criticar o Russomanno porque queríamos crescer em cima dele. Nós emitimos as criticas quando identificamos que o programa dele não existe, que suas propostas não são consistentes. Temos medo de ver a cidade sendo administrada por alguém que não consegue ter proposta".
Finalmente, para o diretor do Datafolha, Mauro Paulino, os votos de Russomanno estão distribuídos por um espectro amplo do eleitorado, "dos mais conservadores aos mais liberais". "Por isso, quando o candidato começou a ser atacado, esses votos acabaram se diluindo em muitas frentes, mas principalmente para os candidatos que opuseram a ele: "fernando Haddad e Gabriel Chalita".
Para o especialista em pesquisas eleitorais, a queda de Russomanno foi tão abrupta que a eleição em São Paulo tornou-se imprevisível. "As últimas pesquisas indicam que a possibilidade de Russomanno não ir para o segundo turno, hoje, é real, mais real do que era há 15 dias".