Amigos falaram sobre a perda
de Celso de Almeida
Durante o velório, filho de Chico comentou como fica a doutrina na cidade.
- Por Paulo Borges e Palmira Ribeiro, do G1 - Cerca de 400 pessoas acompanharam o enterro de Celso de Almeida Afonso, considerado um dos principais médiuns brasileiros depois de Chico Xavier e possível sucessor dele na cidade, na tarde desta terça-feira (26) no Cemitério São João Batista, em Uberaba. Ele morreu por falência múltipla nos órgãos nesta madrugada, aos 72 anos, após lutar há um ano e dois meses contra um câncer no fígado que passou para o esôfago.
Durante o velório no Centro Espírita Aurélio Agostinho, que foi aberto ao público, estiveram presentes amigos e parceiros de trabalho do médium, além do próprio filho de Chico Xavier, Eurípedes Higino.
Segundo ele, Uberaba é uma cidade abençoada porque tem várias pessoas na liderança da vanguarda de Deus e de Jesus e que Chico Xavier e outros médiuns como Celso são pessoas de referência não só para a cidade, mas para o Brasil.
Em entrevista ao G1, Eurípedes comentou o fato de Celso ser considerado por muitos como o sucessor de seu pai e usou as palavras de Chico para opinar: " Assim como o Celso, Chico Xavier também dizia que ninguém sucede ninguém. Quando morre uma planta você tem de jogar a semente para nascer outra e na mediunidade, no dom que é dado por Deus, também é a mesma coisa".
Eurípedes Higino, filho de Chico, falou como fica a doutrina (Foto: Paulo Borges/G1).
Na ocasião Eurípedes também comentou sobre como fica a referência para as pessoas na cidade em relação à doutrina espírita com esta perda. "Não acontece nada porque a criação é de Deus. E ele saberá colocar as pessoas certas nos lugares e momentos certos para que toda a cidade, que tinha o Celso e o Chico Xavier como referência, continue no caminho certo. Celso deixa um exemplo de trabalho que só em Deus encontraremos a paz necessária", concluiu.
Cerca de 400 pessoas acompanharam o enterro do médium em Uberaba (Foto: Paulo Borges/G1)
Eurípedes Dias, de 76 anos, é um médium psicofônico e contou que durante os 30 anos de amizade e 27 anos de trabalho ao lado de Celso, eles viajaram pelo país por diversas vezes para divulgar a doutrina e que, ao longo dos anos, viu serem psicografadas cerca de 21 mil cartas. "E em cada carta que ele recebia e escrevia para alguém, o espiritismo ganhava de três a quatro pessoas. Eu mesmo recebi cinco cartas da minha mãe e eu não tenho dúvida de nenhuma delas, pois tinham cartas com detalhes que só eu e ela sabíamos", comentou.
Eurípedes Dias trabalhou 27 anos com Celso (Foto: Paulo Borges/G1).
Quanto ao fato de ser um possível sucessor de Chico Xavier, Eurípedes Dias disse que o médium nunca aceitou esta suposição. "Celso deixou um legado para nós que ele nunca quis ser mais do que ele era. Ele não centralizava, ele era companheiro e distribuía tarefas. Era um amigo", concluiu.
O médium estava internado no Hospital Hélio Angotti e recebeu alta na manhã de segunda-feira (25). No fim da tarde, o estado de saúde dele piorou e Celso voltou para o hospital, onde morreu na madrugada desta terça-feira.
Também esteve presente o jornalista Saulo Gomes, embaixador do Instituto Chico Xavier.
Com relação à questão da sucessão, comentou um fato que pode ilustrar por que Celso Afonso assim era considerado na cidade. "O Celso realmente era humilde, característica que também era do Chico, por isso ele não aceitava tal comentário. Contudo, por muitas vezes, desde 1968 - quando fiz a primeira entrevista com o Chico e durante mais de 30 anos em muitos contatos e reportagens com ele, não se falou em sucessão, mas algumas vezes ele recomendava do Celso. Quando eu chegava aqui e o Chico não estava bem, que estava em crise ou dificuldade que o impossibilitava de atender o grande público que vinha em busca de uma mensagem, eu tive a oportunidade de documentar e colocarei num livro que ele recomendava o Celso. Então não se falava em sucessão, mas em indicação e foi a única pessoa que eu vi atender quando o Chico não conseguia. Mas o Celso se dizia um aluno modesto e não aceitava", esclareceu.
Jornalista Saulo Gomes, embaixador do Instituto Chico Xavier (Foto: Paulo Borges/G1).
O jornalista saiu de Ribeirão Preto (SP) para poder abraçar família e os amigos. "Quando recebi a informação da morte do Celso Afonso fiz questão de sair da minha cidade e dar um abraço na família e vê-lo, pelo menos a última vez fisicamente, e prestar uma homenagem. Agora a doutrina continua com suas provas e lições e grandes líderes. E eu particularmente, como repórter e cidadão, tinha como referência, sem desfazer dos demais, o Chico Xavier, a 'dona' Aparecida Conceição Ferreira e Celso Afonso. Guardo no coração como referência e carinho para todos", concluiu.
O jornalista informou que está terminando um livro que leva o nome de "O nosso Chico", que conta a convivência dele com o médium durante mais de 30 anos, além de momentos com familiares.
Médium psicografou cerca de 21 mil cartasEm 40 anos Celso psicografou 35 livros e quase 21 mil cartas para familiares que o procuravam para ter contato com parentes mortos. Nascido em Araxá, no Alto Paranaíba, ele tinha a profissão de ourives e fez diversos trabalhos de psicografia no Centro Espírita Aurélio Agostinho, no Bairro Fabrício.
Celso descobriu a mediunidade através do Chico Xavier, quando tinha 14 anos. Quando o médium morreu, alguns seguidores do espiritismo chegaram a cogitar que Celso seria o sucessor. O médium foi diagnosticado com câncer em novembro de 2012 e esteve em tratamento intensivo. Ele chegou a ser submetido a uma cirurgia para retirada de parte do esôfago e estômago.
Sobre uma possível sucessão de Chico, Celso sempre negou, afirmando que não existe sucessão no espiritismo e que cada um tem importância dentro da religião. O enterro está marcado para às 17h, no Cemitério São João Batista.