Segundo ela, as sessões, realizadas com homens e mulheres de diferentes idades, complementam o trabalho feito por terapeutas tradicionais
- Por Marcela Ulhoa, do Correio Braziliense - Muitas pessoas procuram ajuda de psicólogos na esperança de superar problemas e disfunções sexuais. Mas ir para cama com o terapeuta como parte do protocolo do tratamento dificilmente passa pela cabeça até dos mais engajados na missão de descobrir a própria sexualidade.
Apesar de levantar polêmicas e controvérsias, a modalidade que envolve o sexo entre paciente e terapeuta existe e tem ganhado cada vez mais destaque após a estreia do filme As sessões, em cartaz no Brasil há uma semana.O longa conta a história real de Mark O’Brien, jornalista norte-americano que, aprisionado em um pulmão de aço desde os 6 anos de idade devido à poliomielite, contratou uma
sex surrogate, ou
parceira sexual substituta, para perder a virgindade aos 36 anos.
Interpretada pela atriz Helen Hunt, a grande personagem da vida real é Cheryl Cohen Greene. Sex surrogate há 40 anos, Greene já foi para cama com mais de 900 clientes, como ela prefere chamá-los. Bem-humorada, mãe de dois filhos e casada com Bob Cohen Greene, a mulher, de 68 anos, até hoje exerce a profissão. “Enquanto meus clientes estiverem à vontade comigo e eu tiver condições físicas, eu continuarei”, afirma ela.
Cheryl Cohen Greene, cuja história inspirou o filme em cartaz 'As sessões'.
Em entrevista ao Correio, a autora conta a sua história e explica como funciona seu trabalho, baseado no código de ética e em padrões de treinamento da modalidade criada nos anos de 1960 pelos sexólogos americanos William Master e Virgínia Johnson.
Ela ressalta que os sex surrogates não são terapeutas tradicionais e têm uma formação totalmente diferenciada. "
Eu não acho que os psicólogos podem ter esse tipo de envolvimento com os clientes. É por isso que nós existimos. É como se os terapeutas tradicionais fossem ortopedistas que consertam seus ossos quando você os quebra. Depois, quando você está melhorando, eles te mandam para um fisioterapeuta, que vai tocar em você. Esses fisioterapeutas somos nós." Na analogia, Greene reforça que o ideal é fazer as duas terapias, pois de nada vale a teoria se ela não puder ser praticada. “Não podemos reprimir nossa sexualidade. O trabalho de uma parceira sexual é justamente fazer as pessoas abrirem a cabeça e explorarem o que elas quiserem. Diferentemente da prostituta, nós não queremos que o cliente volte. Queremos que ele aprenda conosco e aplique em sua vida afetiva."