O Flamengo ignorou a convocação do Procon do Rio para reunião nesta quarta-feira (13) e o caso dos preços dos ingressos para final da Copa do Brasil virou caso de polícia.
Por Italo Nogueira, da Folha.comO órgão de fiscalização representou contra o presidente do clube, Eduardo Bandeira de Melo, por crime de desobediência na Delegacia do Consumidor.
Fiscais do Procon foram ao clube em busca de documentos solicitados pelo órgão. O diretor executivo de administração, Marcelo Helman, porém, se recusou a entregar os papéis e a Polícia Militar foi chamada para levá-lo para a delegacia.
"O Flamengo quer ganhar por WO, mas não vai", disse a secretária de Defesa do Consumidor, Cidinha Campos.
O Procon já protocolou ação civil pública contra o Flamengo para bloquear a renda do jogo para ressarcir os torcedores, caso o preço seja considerada abusivo. O documento sugere um aumento de até 30% em relação ao cobrado na semifinal.
O preço do ingresso para a final no Maracanã, no dia 27, varia de R$ 250 a R$ 800, quase o triplo do cobrado na semifinal contra o Goiás.
O Flamengo não foi à reunião alegando compromissos já agendados. E não enviou nenhum representante para o encontro marcado pelo Procon. Na terça-feira a noite, o clube antecipou a venda para todos os sócios-torcedores para as 10h desta quarta-feira, antes do encontro com o Procon.
"Isso agrava a situação por se tratar de má fé", disse Campos.
Editoria de Arte/Folhapress A diretoria espera arrecadar algo entre R$ 8 milhões e R$ 9 milhões com o jogo. A decisão gerou revolta entre torcedores do time, constrangimento entre atletas e alerta no Procon.
O ingresso mais barato corresponde a 37% do salário mínimo (R$ 678) e é o suficiente para 90 viagens de ônibus no Rio (R$ 2,75 cada).
DESCONTOS
Eleita ano passado tendo como principal discurso a busca pela austeridade financeira do clube, a diretoria diz que não pretende alterar os preços.
Os cartolas afirmam que boa parte dos ingressos serão comprados ou por sócios-torcedores, que têm 40% de desconto, e estudantes, que têm direito a meia entrada.
Eles dizem ainda que há um grande número de pessoas com direito a gratuidade, em razão de lei estadual que beneficia menores de 12 anos, idosos e pessoas com deficiência.
"A gente sabe que o preço é alto e que muitos torcedores terão dificuldades para comprar os ingressos. Mas tenho certeza que vão entender que isso é um esforço que o Flamengo está fazendo. Essa é última oportunidade da gente arrecadar para equilibrar o fluxo de caixa", disse o presidente do Flamengo, Eduardo Bandeira de Mello.