Governo se alia aos bancos nas ações em que depositantes tentam recuperar prejuízo sofrido com planos econômicos.
Instituições dizem que podem perder R$ 150 bilhões.
Cálculo é contestado por órgãos de defesa do consumidor.
Por Paulo Silva Pinto e Diego AmorimEntre os aplicadores em cadernetas de poupança e o sistema financeiro, o governo não tem dúvidas do lado que vai defender na próxima quarta-feira, quando o Supremo Tribunal Federal (STF) começará a julgar a correção dos planos econômicos das décadas de 1980 e 1990. A justificativa do Executivo para escolher os bancos é que, se eles perderem a causa, o custo da correção exigida pelos poupadores não se limitará aos balanços das instituições. Haverá restrição de crédito de aproximadamente R$ 1 trilhão, de acordo com o procurador do Banco Central (BC), Isaac Sidney Ferreira.
Tombini e Mantega alegam que decisão favorável aos aplicadores pode derrubar de vez o crescimento
(Foto: Miguel Medina/AFP).
“O BC não tem lado. Ou melhor, tem: é o lado da defesa da moeda”, disse Ferreira, depois de participar, com o ministro da Fazenda,
Guido Mantega, o presidente do BC,
Alexandre Tombini, e o advogado-geral da União,
Luís Adams, de uma visita ao presidente do STF,
Joaquim Barbosa, ontem à tarde.
Apenas Ferreira falou no fim do encontro de 20 minutos. O procurador do BC foi também ao gabinete dos ministros
Ricardo Lewandowski e
Rosa Weber.
O cálculo da restrição de crédito feito pelo BC se baseia na expectativa do desembolso que os bancos terão que fazer para cobrir o prejuízo — cerca de R$ 150 bilhões.
O valor, que é contestado por entidades de defesa do consumidor, equivale a mais de um terço do patrimônio líquido das instituições, que é de R$ 509 bilhões. A capacidade de empréstimo delas, de acordo com regras estabelecidas pelo Bank of International Settlements (BIS), em Basileia, na Suíça, é definida por um multiplicador que varia entre oito e nove vezes o patrimônio de cada uma. Se ele encolher, os bancos terão menos dinheiro para emprestar.