- Da Folha.com - Uma conversa gravada entre o vereador de Campinas Aurélio Cláudio (PDT) e um advogado levanta a suspeita de uma possível compra de voto para barrar o impeachment do prefeito Hélio de Oliveira Santos, o dr. Hélio (PDT). Cláudio é aliado do prefeito.
A cassação de dr. Hélio começa a ser votada nesta quinta-feira (18), na Câmara Municipal.
A gravação foi feita pelo advogado Ricardo Marreti, em seu escritório, em Campinas. Parte da conversa
foi divulgada na noite desta quarta-feira (17) pela EPTV, emissora afiliada da Rede Globo.
Na conversa, que segundo a reportagem ocorreu no dia 9 de agosto,
o advogado pergunta se "fechou a conta do Dr. Hélio". O vereador responde que está "complicado".
Sem falar o nome do prefeito, o advogado pergunta se
"ele está com medo de os caras darem para trás".
"Está com medo dos caras na hora H... Está complicado de chegar um acordo ali", responde o vereador.
Sem citar o prefeito ou vereadores, Aurélio Cláudio comenta que "eles" --não fica claro quem-- querem receber adiantado e "adiantado é complicado". Em outro momento da conversa,
o vereador diz que não quer nem um centavo, mas que gostaria que "assumissem sua dívida de campanha".
Em nenhum dos trechos divulgados pela emissora o vereador ou o advogado falam sobre valores.
Em entrevista à EPTV, o vereador disse que na conversa com o advogado só comentou os rumores de compra de voto de ambos os lados --dos que defendem o prefeito e dos que pedem sua cassação. Aurélio Cláudio disse que nunca recebeu proposta de compra de voto de fato.
À noite, o vereador divulgou uma carta que enviou ao prefeito, na qual afirma nunca foi sido oferecido a ele "vantagem material para influenciar seu voto". Diz que as gravações foram feitas de má-fé e com o objetivo de prejudicar o prefeito ou de aumentar o valor das dívidas que tem. O advogado que fez a gravação representa uma credora do vereador.
Na carta, Aurélio Cláudio disse que os comentários que fez na conversa foram para se "ver livre da inconveniente presença do credor".
O prefeito de Campinas foi acusado na Câmara de ser omisso ao permitir que um suposto esquema de corrupção se instalasse em sua administração e negligente, ao indicar para cargos de confiança profissionais acusados de participação.A comissão que avaliou o pedido de cassação do prefeito de Campinas, Hélio de Oliveira Santos, o dr. Hélio (PDT), concluiu o relatório dos trabalhos com parecer favorável à saída dele do cargo.
Os vereadores da comissão --Rafa Zimbaldi (PP), Sebastião dos Santos (PMDB) e Zé do Gelo (PV)-- darão entrevista à imprensa para apresentar o relatório.
No pedido de impeachment que originou a comissão, em 23 de maio, o vereador Artur Orsi (PSDB) alega que o prefeito foi omisso ao permitir que um suposto esquema de corrupção se instalasse em sua administração e negligente, ao indicar para cargos de confiança profissionais acusados de participação.
A base das alegações é a denúncia, feita pelo Ministério Público, que acusa 22 empresários e servidores públicos de corrupção bilateral e fraudes em licitações da Sanasa (empresa mista de saneamento da cidade).O prefeito não está entre os envolvidos, mas
os promotores investigam a participação de sua mulher e ex-chefe de Gabinete, Rosely Nassim Santos, em um esquema de cobrança de propinas para direcionamento das licitações e liberação de alvarás. O vice-prefeito,
Demétrio Vilagra (PT), também é suspeito por ter, supostamente, recebido
R$ 20 mil de dois empresários. Ambos negam as acusações.