Eles também decidiram criar comissão para investigar Demétrio Vilagra (PT)
Petista que tomou posse na terça-feira é suspeito de corrupção.
- Do G1 -
Os vereadores de Campinas, no interior de São Paulo, aprovaram na noite desta quarta-feira (24) os requerimentos pedindo a criação da comissão processante e o afastamento por até 90 dias do prefeito Demétrio Vilagra (PT). Ele é investigado por suspeita de participação em esquema de fraude em licitações públicas e tomou posse nesta terça (23) depois da saída do antecessor, Hélio de Oliveira Santos (PDT), cujo nome também foi envolvido em denúncias de corrupção na cidade.
Plenário onde ocorreu sessão nesta quarta em Campinas (Foto: Carolina Iskandarian/G1).
A aprovação do requerimento pedindo a criação da comissão processante que vai investigar as denúncias contra Vilagra saiu às 22h15. Em votação nominal, foram 29 votos a favor e quatro contra. Não houve abstenções. O placar foi o mesmo que aprovou o afastamento temporário do prefeito por 90 dias.
A assessoria de imprensa do prefeito informou que vai recorrer da decisão da Câmara e nesta quinta-feira (25) irá começar a organizar a sua defesa. De acordo com os assessores, o petista assistiu de casa ao lado da esposa à votação que aprovou o seu afastamento temporário. A assessoria informou ainda que o prefeito está tranquilo e sereno.
A comissão processante, eleita por sorteio, será formada pelos seguintes vereadores: Rafael Zimbaldi (PP), José Carlos Oliveira (PV), o Zé do Gelo, e Sebastião Torres (PSB). Os dois primeiros estavam na comissão que decidiu pela cassação do então prefeito Hélio de Oliveira Santos.
Os trabalhos na Câmara começaram às 18h05 e só às 21h teve início a leitura do requerimento do vereador Valdir Terrazan (PSDB), que pediu não só a criação da comissão processante como o afastamento de Vilagra do cargo temporariamente por até 90 dias. O tempo é para que os vereadores apurem as denúncias de corrupção. De acordo com o documento apresentado pelo tucano, Vilagra é acusado pelo Ministério Público de fraudar licitações, receber propina e de empregar apadrinhados políticos.
A sessão na Casa foi tumultuada. Houve troca de xingamentos entre simpatizantes e opositores do prefeito, obstruções e suspensões que atrasaram a sessão. Um dos requerimentos partiu do líder do governo, Josias Lech (PT). Ele alegou que Vilagra não deveria ser investigado pelos vereadores porque na época das denúncias não era prefeito (era vice). O presidente da Câmara, Pedro Serafim (PDT), indeferiu o pedido após suspender a sessão por meia hora para análise do pedido do petista. “Os fatos, se existiram, devem ser apurados”, disse Serafim.
Histórico
O então chefe do executivo Hélio de Oliveira Santos (PDT) foi cassado na madrugada de sábado (20) após uma sessão de 45 horas na Câmara. Os vereadores leram parte do relatório de 1.600 páginas, elaborado pela comissão processante e contendo denúncias de corrupção contra o pedetista. Depois, votaram pelo impeachment dele. O mesmo procedimento pode ocorrer com Vilagra.
Em entrevista nesta terça-feira, Vilagra disse ter certeza de que será absolvido da acusação de envolvimento em um esquema de corrupção na gestão do seu antecessor. O novo chefe do Executivo é citado pelo Ministério Público no mesmo processo que terminou com a cassação do Hélio de Oliveira Santos (PDT). Vilagra afirmou não ter “problema com a Justiça”.
Quando questionado sobre a postura do PT, que apoiou a cassação de Dr. Hélio, Vilagra declarou: “Estou assumindo porque tenho convicção de que sou uma pessoa livre. Eu não tenho problema nenhum com a Justiça”, afirmou o novo prefeito.