- Do Blog Esporte Online, do Jorge Wamburg - Ainda o
propinoduto Havelange-Teixeira-Fifa: essa foi de fazer inveja ao mais sagaz dos mensaleiros do PT que vão ser julgados pelo Supremo – a partir do dia 2 de agosto.
A desculpa do hoje presidente da Fifa,
Joseph Blatter, pra ter ficado de bico calado quando o então presidente
João Havelange e o na época presidente da CBF
Ricardo Teixeira foram “propinados” pela extinta ISL em nos anos 90 foi que – acreditem! –
“Suborno não era crime!”. Pois essa desculpa pode custar o cargo também ao Blatter, como já custou a Havelange e a Teixeira os que tinham na Fifa, no COI, e No Comitê Organizador da Copa de 2014 e na CBF.
De acordo com o noticiário dessa semana, há uma forte reação na Europa contra a permanência de Blatter no comando da Fifa até 2015, quando haverá eleição para a sua sucessão. E não é só no esporte que estão pedindo a cabeça do suíço: parlamentares europeus já iniciaram um movimento de “Fora Blatter”, inclusive no seu próprio país, onde foram revelados todos os detalhes do escândalo pela justiça, depois de um mal explicado acordo com Havelange e Teixeira para evitar que seus nomes viessem a público. Dizem que vai ser difícil ele segurar a barra até 2015, e talvez também tenha que renunciar antes, tal como Havelange e Teixeira, pra sair de fininho de cena e não levar um processo pelo lombo.
È que, mesmo a Fifa sendo uma entidade privada, tal como a CBF, quando a justiça quer dá um jeito de arranjar um artigo qualquer e enquadrar o cara, nem que seja só pra fazer média com o respeitável público. E Blatter, que de bobo não tem nada, já viu que não vai dar pra continuar dando uma de Pilatos e lavando as mãos ao estilo Lula. A diferença é que enquanto o careca de São Bernardo se desculpava dizendo sobre o Mensalão do PT “Eu não sabia de nada”, o careca de Genebra diz “Eu sabia de tudo, mas não podia fazer nada”. Acaba dando no mesmo, porque ninguém acredita em nenhum dos dois.
Agora, olhem só o que ainda vem por aí:
Havelange, apesar dos seus 95 anos e de ter deixado a presidência da Fifa há mais de uma década para Blatter, ainda não escapou de algum tipo de sanção, pelo menos moral. É que ele ainda é presidente de honra da Fifa, cargo honorífico, mas em conseqüência do qual talvez tenha que dar explicações sobre a propina que recebeu da ISL. Que, pelo que já divulgado, foi pra garantir à empresa suíça (mais tarde falida), os direitos de comercialização da Copa de 94 nos Estados Unidos., quando o brasileiro era o presidente executivo e o suíço o secretário-geral da Fifa. E em reais, foi negócio de R$ 45 milhões pra ele e Teixeira.
Na época, um dos depósitos da propina, equivalente a R$ 2 milhões, caiu na conta da Fifa, em vez de na de Havelange. Mas Blatter não fingiu que não viu como mais tarde, quando o caso foi parar na justiça suíça e já era presidente da Fifa, ainda pagou “fiança” ao tribunal para que manter em sigilo os nomes de Havelange e Teixeira. A desculpa oficial é de chorar – ou de rir: “Não poderia ter tomado ciência de um delito que não existia”, justiça-se, alegando que, na época essa prática não era crime previsto nas leis suíças, ao contrário do que ocorre hoje.
Sobre a situação de Havelange, agora que tudo foi revelado, Blatter ainda garante que não pode fazer nada, pois só o Congresso da entidade, “pode decidir sobre seu futuro”.Mas se vocês pensam que é só, tem coisa muito pior. E vem do
Zé Maria Marin, sucessor do Teixeira na CBF. Ele confirmou que Ricardo Teixeira continua trabalhando pra CBF lá de Miami, onde se exilou pra fugir do escândalo, depois de renunciar ao cargo, à presidência do Comitê Organizador Local da Copa de 2014 e ao Conselho da Fifa. Pois o Marin, que dobrou o próprio salário de R$ 98 mil pra quase 200 paus logo depois que assumiu, saiu-se com essa
: “o que foi divulgado não tem nenhuma relação entre Ricardo Teixeira e a CBF. Ele continua prestando os mesmos serviços...” Melhor seria ter ficado calado, pra não dizer uma besteira dessas. Quais serão os serviços que Teixeira presta? Digamos, tipo aqueles que prestou pra ISL?
Besteirol do CorreioNão posso deixar passar essa: esta semana, na matéria do Correio Brasiliense sobre o
caso do jogador de basquete aqui de Brasília que ficou gravemente ferido quando a tabela caiu sobre ele ao dar uma enterrada, o repórter saiu-se com essa (página 6/7, edição de 14/7):
“A única conclusão da Polícia Civil é que o acidente não foi premeditado”. Caraca! E o pior é que o editor da matéria e o do Caderno de Esportes engoliram.