do Correio Braziliense
Fraga abandona a campanha de Roriz
Depois de declarar apoio ao ex-governador, Alberto Fraga (DEM) decide romper com o candidato do PSC ao Buriti e diz que lutará por uma vaga no Senado de forma independente. Vaias de rorizistas em eventos políticos teriam sido o estopim do racha
Durou pouco a trégua entre o ex-governador Joaquim Roriz (PSC) e o deputado Alberto Fraga (DEM). A união eleitoral dos adversários chegou ao fim. Parte da base rorizista não aceita o secretário de Transportes do governo Arruda. Fraga, por sua vez, decidiu decretar o distanciamento. Em entrevista exclusiva ao Correio, ele anunciou que não vai mais participar de comícios e do corpo a corpo eleitoral ao lado de Roriz.
Mantém a candidatura ao Senado, mas em campanha independente. O estopim do racha foram as vaias a Fraga em eventos públicos conduzidas por donos de vans, taxistas e cabos eleitorais de candidatos a deputados distritais ao longo da semana.
Fraga afirma que não concorda com a campanha de Roriz porque o ex-governador estaria propondo a volta da ilegalidade. "Não tenho ido aos comícios porque discordo radicalmente das coisas que o (ex) governador vem prometendo. Por exemplo, a volta das vans, das invasões. Estou ouvindo promessas de loteamento até em áreas de preservação ambiental, a volta dos camelôs no centro de Ceilândia, o fim da padronização dos táxis", afirmou. "Não sou o candidato da bagunça", acrescentou. Nos últimos dias, o rompimento foi sendo construído aos poucos.Roriz passou a se sentir constrangido com a presença de Fraga em eventos públicos por causa da reação de parte de sua base que não aprova a aliança. Durante a semana, o ex-governador conversou com integrantes do DEM sobre uma possível troca do candidato do partido ao Senado. Uma possibilidade seria substituir Fraga pelo senador Adelmir Santana (DEM-DF), que concorrerá a uma vaga de deputado federal. Fraga, no entanto, tem força nacional, com o apoio do presidente do DEM, Rodrigo Maia (RJ), para permanecer no páreo. O ex-secretário de Transportes soube da movimentação e diz acreditar que Roriz pede votos apenas para a outra candidata ao Senado, a ex-governadora Maria de Lourdes Abadia (PSDB). "Isso é uma traição", afirmou.A agenda dos dois candidatos previa um encontro no Recanto das Emas às 18h. Roriz prestigiaria o evento de lançamento de um comitê de Fraga. O ex-governador pretendia comparecer, mas voltou atrás quando soube das declarações do democrata ao Correio. Segundo a assessoria de Roriz, ele não foi ao encontro porque o compromisso foi cancelado. Fraga não pretendia participar. Planejou deixar o companheiro de coligação no local esperando. "A população não tem nada a ver com isso. Mas não quero ir", disse ao Correio no início da tarde de ontem.O coordenador da campanha de Roriz, Paulo Fona, afirma que nunca partiu do ex-governador qualquer incentivo a hostilidades praticadas contra Fraga. "O (ex) governador respeita a indicação do DEM para o Senado. Por isso, estranhamos essa atitude", sustentou Fona. Roriz, por sua vez, não quis comentar. Disse desconhecer as críticas do parlamentar. Incomodado com as vaias nos eventos de campanha, Fraga conta ter investigado quem são os responsáveis pelo coro desfavorável. "Mandei filmar todos eles, identifiquei todos. São motoristas de vans que trabalham nas coordenações de candidatos a deputado distrital", disse. A apuração teria sido conduzida por policiais militares ligados ao deputado federal. "É uma ação orquestrada", avalia. "Não vou abrir mão das minhas convicções para receber aplausos", disse.Coligação proporcionalAs divergências políticas entre Fraga e Roriz são públicas, mas a expectativa era de que ambos seguiriam juntos até as eleições, mesmo em conflito. O candidato ao Senado, no entanto, explicita agora os desentendimentos. Entre rorizistas, há uma avaliação de que foi tudo premeditado e o ex-secretário agiria sob orientação do ex-governador José Roberto Arruda (sem partido). Fraga nega. "Ele está fora do debate eleitoral", garante.O candidato ao Senado do DEM tem quase três minutos na propaganda eleitoral para defender seu ponto de vista e apresentar realizações. Esse tempo é utilizado duas vezes ao dia, três vezes por semana. Mas ele garante que não fará campanha para outro candidato ao governo. Mas se cala quando o assunto é pedir votos para Roriz.O isolamento de Fraga não é o único no DEM. Os candidatos a deputado distrital estão correndo atrás de votos sem uma coligação com outra legenda que dê mais tranquilidade para obtenção do coeficiente eleitoral. A expectativa é de que a bancada do DEM, com três distritais eleitos em 2006, seja reduzida. Havia uma aposta entre os democratas que a aliança com Roriz representaria uma dobradinha com um pequeno partido, como o PRTB. Mas na última hora não funcionou. A legenda que já foi de Arruda e Paulo Octávio está sozinha nas eleições.Todos iguaisA padronização dos táxis do DF virou lei em outubro do ano passado. O objetivo da medida é facilitar a identificação desse tipo de transporte, já que os táxis na cidade podem ter as cores cinza, branca e prata. De acordo com o governo, essa é também uma medida de segurança, tanto para taxistas como para os usuários. Os motoristas devem colocar o número da permissão na porta do veículo, o que facilita a visualização.