Governador do Amapá é preso em operação da PF
Suposta organização criminosa praticava desvio de recursos públicos do Estado e da União
Do Estadão
O governador do Amapá, Pedro Paulo Dias (PP), e outras 15 pessoas foram presas na manhã desta sexta-feira, 10, em Macapá, durante Operação Mãos Limpas, da Polícia Federal, suspeitas de integrar uma quadrilha que desviava verba pública. O objetivo da operação é desmantelar uma organização criminosa composta por servidores públicos, agentes políticos e empresários que praticava desvio de recursos públicos do Estado do Amapá e da União.
Com as prisões, assumiu o cargo de governador do Amapá, o desembargador Douglas Evangelista Ramos, que até sexta-feira era presidente do Tribunal de Justiça do Estado. Após assumir, o , anunciou a suspensão dos pagamentos a serem feitos pelo governo do Estado nos próximos dias até que as contas sejam analisadas por funcionários de sua confiança.
Na terça-feira (14/9) (segunda-feira é feriado no Amapá), técnicos que trabalhavam na área de finanças do TJ do Amapá assumem a fiscalização dos pagamentos feitos em todas as secretarias estaduais para evitar gastos suspeitos.
Durante a operação Mãos Limpas, feita pela Polícia Federal, foram executados 78 mandados de busca e apreensão e pelo menos cinco pessoas foram presas temporariamente.
Os presos foram o ex-governador Waldes Goes (PDT), que havia deixado o cargo em abril para concorrer a uma vaga ao senado, o atual governador do Estado Pedro Paulo Dias (PP), o presidente do Tribunal de Contas do Estado, Julio Miranda, além da primeira dama, Denise Carvalho, e da e ex-primeira dama, Marília Góes.
Eles são suspeitos de integrar quadrilha que desviava recursos públicos do Estado em valores que podem chegar a R$ 300 milhões segundo estimativas da Polícia Federal.
Foram apreendidos malas com R$ 1 milhão e também cinco veículos de luxo: uma Ferrari, uma Masserati, duas Mercedes e um Mini Cooper, além de duas armas. Políticos envolvidos são aliados de SarneyO grupo político envolvido no escândalo desvendado pela Polícia Federal no Amapá durante a Operação Mãos Limpas tem o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), como integrante mais notório.O nome de Sarney não aparece entre os envolvidos no esquema, mas a ligação política entre ele e o ex-governador Waldez Góes (PDT), preso na Operação Mãos Limpas, vem se estreitando desde 2006, quando se aliaram na campanha política que garantiu a reeleição de ambos. A troca de elogios entre os dois políticos foi a principal bandeira da disputa, alimentada pelo slogan "o que é bom tem que continuar".No dia 13 de julho, Sarney chamou em seu gabinete o ministro da Saúde, José Ramos Temporão, para atender o governador do Amapá, Pedro Paulo Dias (PP), um dos 18 detidos, e o secretário de Saúde do Maranhão, que ali estavam. Temporão deixou de lado a situação de emergência existente na época nos Estados nordestinos atingidos pelas enchentes e foi atender os aliados de Sarney.Em 16 de julho de 2009, o presidente do Senado não economizou elogios ao ex-governador Waldez Góes ao discursar no plenário. Para Sarney, Góes "foi capaz de unir forças políticas, por seu temperamento e espírito público e fez uma administração pacífica". "Por dever de lealdade e, ao mesmo tempo, testemunha de verdade, quero dizer que ele realizou uma obra política reconhecida por todos os amapaenses e por toda a classe política do Amapá", discursou.Sarney escolheu o Amapá como domicílio eleitoral em 1990, logo que deixou a Presidência. Quase todos os políticos locais nasceram fora do Estado, mas começaram a carreira na região. Já Sarney deixou toda uma vida política consolidada no Maranhão para se tornar senador no ano em que o então território do Amapá se transformou em Estado.