Interior deu vitória a Marconi
Do Jornal da Imprensa - GOO extraordinário desempenho eleitoral de Iris na Grande Goiânia não foi bastante para anular a vantagem de Marconi no interior, sobretudo em Anápolis, uma cidade viceralente anti-peemedebista.
Marconi Perillo, do PSDB, venceu no domingo passado a eleição para governador de Goiás. Com 100% das urnas apuradas, de acordo com o TSE (Tribunal Superior Eleitoral), o tucano elegeu-se no segundo turno com 52,99% dos votos (1.551.132). Iris Rezende, do PMDB, teve 47,01% (1.376.188). Os votos brancos somaram 1,51% (47.619), e os nulos 5,80% (183.165). O Estado tem 4.059.028 eleitores.
Iris obteve uma vitória esmagadora na Grande Goiânia. Mas não foi o bastante para anular a vantagem avassaldora de Marconi no interior, sobretudo em Anápolis. Mais uma vez, Anápolis fez a diferença em favor de Marconi Perillo. Lá, o tucano teve 74% dos votos. Há muitos anos o eleitor anapolino vem infrigindo derrotas acachapantes no PMDB goiano.
Iris também perdeu feio no Entorno de Brasília. Apesar de ter como companheiro de chapa um político em ascenção na região, Marcelo Melo, de Luziânia, a diferença pró Marconi foi acima dos 60% em todas as cidades. O que esta eleição demonstrou é que o PMDB está em processo de colapso da periferia para o centro. Dos 8 deputados estaduais eleitos, cinco são de Goiânia, um é de Trindade, um é de Águas Lindas (Hildo do Candango), dos quatro federais, 2 são de Goiânia. O candidato a senador, Adib Elias, foi menos votado que Pedro Wilson, do PT, que chegou em primeiro Lugar. Acrescente-se que o bom desempenho de Iris em Goiânia foi turbinado pela força do PT, seu principal aliado.O novo quadroEsta foi a eleição mais díficil de Marconi. Desta vez, ele teve que correr atrás do voto. Marconi teve contra si os governos municipais de Goiânia, Aparecida de Goiânia e de Anápolis; o governo Estadual e o Governo Federal. Dos partidos tradicionais, conseguiu o apoio apenas do DEM. E foi um apoio importante. Desta vez foi Demóstenes que ajudou a eleger Marconi, não o contrário. Marconi não teve o apoio de Caiado, mas conseguiu neutralizá-lo. Caiado estava propenso a caminhar com Alcides e, na sequência com Iris. Tivesse acontecido isso, o peemedebista poderia ter recuperado boa parte do terreeno perdido no interior.Durante 4 anos Marconi percorreu o interior goiano. Cavou títulos honoríficos em todos os municípios, cuja entrega eram sempre comícios indoor. Ou seja, esteve em campanha todos esses anos, enquanto seus adversários vacilavam. Correu mais, chegou primeiro.Na estratégia de Marconi, ganhou importância crucial a comunicação social. O senador montou uma poderosa máquina de propaganda político-ideológica que incluiu, até mesmo, o engajamento total e apaixonado de um diário da capital, que se converteu em boletim oficial da campanha. Com a participação dos melhores e mais bem pagos profissionais de imprensa de Goiás, esta máquina ocupou os principais espaços da mídia goiana e impediu que ganhassem repercussão os escândalos em que Marconi está envolvido, e noticiados pela imprensa nacional.Às virtudes esportivas do candidato tucano somaram-se os erros infantis de seus adversários, tendo como resultado a derrota de Iris. O PMDB aceitou as regras do jogo impostas por Marconi, que exigiu "debate de alto nível" e "campanha propositiva". Os adversários, ao que parece, tiveram medo de atacar a imagem pública de Marconi; tiveram medo de desconstruir a reputação política do adversário. E momento algum se falou, por exemplo, dos processos que Marconi responde na Justiça por improbidade administrativa e até por crimes comuns.Iris entregou a direção política e ideológica de sua campanha a marqueteiros alienados, presunços, autosuficientes e carecedores de imaginação. Designou para seu comitê eleitoral os quadros mais atrasados do partido, gente recuada e sem espírito de luta, isolando os combativos, os aguerridos, os quadros intelectuais - enfim, os que poderiam provocar danos no adversário. Mas, no PMDB goiano vale a máxima: em time que está perdendo não se mexe.Tudo foi feito de maneira errada desde o início. Todos os erros cometidos em eleições passadas, foram novamente repetidos. Parece que três derrotas consecutivas nada ensinaram ao PMDB goiano. E foi por isso que, contrariando a todas as leis da probabilidade, o raio caiu pela quarta vez no mesmíssimo lugar.