Último número do 'News of the World' vai sair neste domingo (10).
Jornal admitiu ter grampeado telefones de parentes de soldados mortos.
- Do G1 - O tabloide dominical britânico "News of the World" vai deixar de circular depois do próximo domingo (10), informou nesta quinta o grupo News Corp Internacional, que o edita. A interrupção ocorre após novas denúncias de que a publicação teria grampeado telefones de fontes."Após consulta com os superiores, decidi que devemos tomar mais medidas em relação ao jornal. Este domingo será a última edição do News of the World", afirmou em um comunicado.James Murdoch anuncia oficialmente o fechamento do "News of the World".
James Murdoch, presidente do grupo e filho do magnata Rupert Murdoch, disse que a empresa admite os erros cometidos e prometeu fazer o máximo para consertá-los.Ele também disse que o dinheiro da última edição será doado para boas causas.
As últimas revelações no escândalo das escutas telefônicas do tabloide, suspeito agora de ter grampeado os telefones de parentes de soldados britânicos mortos no Iraque e no Afeganistão, aumentou a indignação e constrangeu o governo.Após o anúncio do fechamento, o premiê David Cameron disse que todos os responsáveis por erros no caso devem ser levados à Justiça.
Várias famílias de militares mortos em ação manifestaram a sua indignação após terem lido o "Daily Telegraph", que assegura que seus telefones podem ter sido grampeados por um detetive particular a serviço do jornal sensacionalista. Seus números teriam sido encontrados nesses registros.
A polícia britânica disse nesta quinta-feira (7) que analisa 11 mil páginas de material, com quase quatro mil nomes de possíveis vítimas de monitoramento telefônico ilegal feito por jornalistas do tabloide britânico 'News of The World'.A investigadora chefe do caso, Sue Akers, disse entender que muitos no país estão insatisfeitos com as revelações e pediu paciência enquanto o material, apreendido em 2005, é analisado.Polícia analisa material do tabloide (Foto: PA)
Ela disse que a polícia 'entrará em contato com todos os que tiverem detalhes pessoais encontrados nos documentos... e meus oficiais trabalham para que isso aconteça o mais rápido possível'.
Akers disse que a tarefa por si só vem consumindo muito tempo e a polícia ainda tem que atender centenas de pessoas que entram em contato por suspeitar que seus telefones possam também ter sido violados.O chefe da força policial de Londres, Paul Stephenson, disse que está determinado a descobrir quaisquer casos de corrupção dentro da própria polícia, após revelações de que o jornal teria pago para obter informações.O ator Hugh Grant. Escutas gravadas.
Hugh GrantO caso ganhou repercussão internacional após a revelação de que em 2002 o jornal acessou ilegalmente a caixa postal do celular da estudante Milly Dowler, que estava desaparecida, em busca de informações para suas reportagens.Durante as escutas, mensagens foram apagadas, fazendo com que os investigadores e a família acreditassem que Milly ainda estava viva.Familiares das vítimas dos atentados de 7 de julho, em 2005, também tiveram seus celulares violados pelo jornal.
A empresa News International, controlada pelo magnata Rupert Murdoch, já havia sido acusada, em 2006, de pagar detetives para interceptar mensagens telefônicas de políticos, esportistas e celebridades, como o ator Hugh Grant.No início da semana, Grant revelou que gravou, escondido, uma conversa tida com um ex-editor do 'News of The World', em que ele revelou detalhes sobre o monitoramento ilegal feito pelos jornalistas.
O ex-chefe do Estado-Maior, Richard Dannatt, declarou-se "atordoado", enquanto o ex-comandante das forças britânicas no Afeganistão Richard Kemp ficou "mudo de raiva".Já o líder da oposição trabalhista, Ed Milliband, se disse "aborrecido"."Nossas Forças Armadas e suas famílias merecem o respeito e o apoio da Nação", disse o ministro da Defesa, Liam Fox.
Este caso de escutas, que envenena a vida política no Reino Unido há meses, apresentou uma série de revelações espetaculares nos últimos dias.O "News of The World" tem tiragem de 2,8 milhões de exemplares e era alvo de acusações de escutas irregulares desde 2006. Ele circulava havia 168 anos.O caso gerou várias detenções e a demissão em janeiro de Andy Coulson, ex-redator-chefe, de seu posto de diretor de Comunicação do primeiro-ministro.
Nos últimos dias, o jornal foi acusado de ter feito escutas na família de uma jovem assassinada e em parentes de vítimas do atentado de Londres em 2005.Os escândalos levaram várias empresas a cancelares anúncios nas páginas do tabloide.
Steven Barnett, professor de comunicações da Universidade Westminster, disse que ficou atônito com o anúncio. "Isso certamente vai aliviar o peso das alegações imediatas sobre comportamento jornalístico e grampeamento de telefones", disse à agência Reuters.