- Do UOL Notícias - A decisão da presidente Dilma Rousseff de manter um membro do PCdoB como ministro do Esporte apesar das suspeitas de irregularidades sobre o partido e sobre o ex-titular Orlando Silva, pode deixar os comunistas com o controle das verbas desse setor em seis das 12 cidades que receberão a Copa. A legenda já está presente no Rio de Janeiro, Fortaleza, Salvador e Manaus. Brasília e Belo Horizonte estão na mira do partido, mesmo com a atual crise.
Hoje o PCdoB tem dois secretários estaduais de Esporte: na Bahia e no Amazonas, sob os governadores Jaques Wagner (PT) e Omar Aziz (PSD), respectivamente. Conta com os secretários municipais no Rio de Janeiro, cidade que receberá a final do Mundial de 2014, e em Fortaleza. Em Belo Horizonte, o prefeito Marcio Lacerda (PSB) prometeu a pasta ao partido assim que ela for criada, neste ano.
Na capital federal, o pequeno PRB ocupa a secretaria, apesar de o atual governador, Agnelo Queiroz (PT), ter sido o primeiro ministro do Esporte da legenda, de 2003 a 2006, no primeiro mandato do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Em uma provável reestruturação, o PCdoB pode ficar com a Secretaria de Esportes –
adversários do governador dizem que isso serviria para evitar envolvê-lo em mais denúncias.
Estádio do Itaquerão, em São Paulo.
São Paulo –onde ocorrerá a partida de abertura da Copa–, Recife, Porto Alegre, Curitiba, Cuiabá e Natal também receberão jogos.
O novo ministro do Esporte, Aldo Rebelo, já foi algoz e hoje é mais próximo do presidente da CBF (Confederação Brasileira de Futebol), Ricardo Teixeira, além de ter trânsito com oposicionistas que governam cidades e Estados da Copa –como os governadores tucanos Geraldo Alckmin (São Paulo) e Beto Richa (Paraná).Além dessas cidades e Estados, o PCdoB tem controle esportivo sobre a secretaria de Goiânia, uma das prováveis subsedes da Copa. O partido ainda disputa esse cargo em Maceió, que almeja essa condição. As subsedes servem para abrigar seleções e seus treinamentos. Também ajudam a receber aviões que normalmente ficariam estacionados nas cidades-sedes e que não poderão fazer isso durante o Mundial de futebol.
Estrutura mantida
Até o anúncio da saída de Orlando Silva, sucessor de Agnelo e ministro desde 2006, o PCdoB temia a manutenção de um interino até a reestruturação dos ministérios que a presidente espera fazer até o início do ano que vem. O homem que era responsável pela organização da Copa do Mundo deixou o cargo depois de começar a ser investigado pelo STF (Supremo Tribunal Federal), por suspeita de desvio de verbas públicas para abastecer o partido.
Tanto o ex-ministro como o PCdoB negam as acusações. Mas elas motivaram uma mudança que, além de arrefecer a crise política, não alterou a estrutura do ministério até agora. Aliados de Dilma dizem que ela poderia dar a pasta a outro partido, catapultando os comunistas para um descapitalizado Ministério da Cultura. A indicação de Rebelo para a função, no entanto, promete restabelecer o domínio da legenda na área.
Com o reforço de caixa proporcionado pela Copa e pelas Olimpíadas do Rio de Janeiro, o Ministério do Esporte está sob controle de um partido que tem apenas 13 deputados e dois senadores. O PMDB, que tem o vice-presidente, Michel Temer, 81 dos 513 deputados e 19 dos 81 senadores, comanda cinco pastas.