- Do O Globo - O grupo seria financiado por contraventores ligados à máfia israelense, conhecida como "Albergil Family", e estaria envolvido em lavagem de dinheiro da contravenção, exploração de máquinas caça-níqueis e tráfico de pedras preciosas. O dinheiro também era lavado através da compra de imóveis de luxo
Treze pessoas foram presas, 35 carros de luxo apreendidos e mais de R$ 50 milhões em bens e dinheiro em conta bancárias foram confiscados em 14 estados, na maior operação realizada pela Polícia Federal este ano no país para desarticular uma organização criminosa especializada em contrabando de automóveis de luxo.
Polícia Federal prende mafioso em condomínio de luxo.
Apesar de serem seminovos, os automóveis chegavam ao Brasil com documentação falsificada, atestando que eram zero quilômetro. A investigação identificou três brasileiros residentes na Flórida, nos EUA, que agiam como dealers (negociantes). Eles registravam os veículos na Alfândega da Flórida e depois providenciavam a remessa deles para o Brasil com a documentação adulterada.
Os carros entravam no Brasil pelos portos do Rio, de Alagoas, de Pernambuco e principalmente do Espírito Santo. A legislação brasileira não permite a importação de carros usados ou seminovos.
A organização contava ainda com a participação de sete empresas importadoras - sendo quatro delas com sede no Rio de Janeiro - que revendiam os carros para concessionárias multimarcas. No Rio, foram identificados três estabelecimentos envolvidos no esquema na Barra da Tijuca. Um deles era a Euro Imported Cars Veículos Ltda, de Haylton Carlos Gomes Escafura, filho do banqueiro do jogo do bicho José Caruzzo Escafura, o Piruinha. Haylton é considerado foragido.
Na maioria das vezes, os clientes compravam os carros com valores inferiores aos de mercado e pagavam em dinheiro vivo. Na exploração do jogo ilegal, a quadrilha aumentava os lucros trazendo técnicos israelenses para adulterar máquinas caça-níqueis, reduzindo as chances de os jogadores ganharem.
Jogadores e Artistas envolvidosAo todo, 150 servidores da Receita Federal e 500 policiais federais participaram da operação ontem. Os mandados foram expedidos pelo juiz Roberto Schuman, da 3ª Vara Federal Criminal.Os jogadores de futebol Emerson, o Sheik, do Corinthians; Diguinho, do Fluminense; e Kleberson, do Atlético Paranaense, e os cantores Latino e Belo estão entre os famosos que tiveram seus carros confiscados na sexta-feira durante a maior operação realizada pela Polícia Federal este ano no país para desarticular uma organização criminosa especializada em contrabando de automóveis de luxo.
O grupo, segundo as investigações, teria se beneficiado do esquema montado pela máfia israelense e os bicheiros do Rio para venderem carros de luxo importados por preços muito abaixo do mercado.
Segundo as investigações federais, jogadores e cantores, além de empresários de várias partes do país, teriam comprado veículos com a quadrilha, obtendo vantagens como descontos de até R$ 150 mil. A PF informou que, além do confisco dos veículos, todos poderão ser processados por crime de contrabando caso não consigam provar que agiram de boa-fé.
O Jipe Hummer do jogador do Atlético paranaense Kleberson Pereira que foi apreendido durante a operação da Polícia Federal em Curitiba.
Entre os 35 carros de luxo apreendidos em todo país, havia um
Lamborghini Gallardo LP 560, avaliado em
R$ 1,3 milhão, em São Paulo.
- Embora os veículos contrabandeados chegassem pelos portos, não temos elemento que indiquem a participação de servidores aduaneiros no esquema.
Além dos carros, eles contrabandeavam pedras preciosas, que chegavam ao Brasil com o certificado de origem (documento que comprova de onde é a pedra) falsificado - adiantou o procurador Antônio do Passo Cabral, do MP federal.
Um dos alvos da operação, feita pela Receita Federal, pela Polícia Federal e pelo Ministério Público Federal, foi uma loja de carros importados na Barra da Tijuca.
Foto: Gabriel de Paica/O Globo.
Em Curitiba, no Paraná,
a Polícia Federal apreendeu um Jeep Hummer na casa do jogador Kleberson. Em nota, o jogador diz que comprou o carro em abril do ano passado, "numa empresa em regular funcionamento e que o valor devido foi integralmente pago, da forma ajustada, e consta da nota fiscal" emitida em seu nome.
- É contrabando adquirir um veículo de maneira fraudulenta na concessionária. Vamos analisar cada caso para identificar as fraudes - afirmou Marcus Vinicius Vidal Pontes, superintendente da Receita Federal no Rio.
Emerson, Diguinho, Kleberson, Latino e Belo disseram que as documentações dos carros estavam corretas.
Veículos apreendidos são transportados num caminhão-cegonha. Foto: Fabiano Rocha/Extra.
Na operação, 13 pessoas foram presas, 35 carros de luxo apreendidos e mais de R$ 50 milhões em bens e dinheiro em conta bancárias foram confiscados em 14 estados.
Um dos carros importados apreendidos pela Operação Black Ops. foto: Gabriel Paiva/O Globo.
A organização criminosa especializada em contrabando de automóveis de luxo seria financiado por contraventores ligados à máfia israelense, conhecida como "Albergil Femily", e estaria envolvido em lavagem de dinheiro da contravenção, exploração de máquinas caça-níqueis e tráfico de pedras preciosas. O dinheiro também era lavado através da compra de imóveis de luxo.
O superintentende da Polícia Federal, Walmir Lemos de Oliveira, fala sobre a Operação Black Ops.
Foto: Gustavo Pellizzon/O Globo.
A PF batizou a operação, realizada em parceria com a Receita Federal e o Ministério Público federal, de "Black Ops" (
expressão em inglês para operações clandestinas). Ao todo foram expedidos 22 mandados de prisão e 119 de busca a apreensão. Policiais federais e auditores da Receita vasculharam mais de 30 revendedoras de carros importados no país. Pelo menos 15 empresas supostamente fantasmas e operadas por "laranjas" contratados pela quadrilha estão sofrendo ação fiscal. Em um ano, segundo as investigações, a quadrilha importou 103 veículos.
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