- Da Redação, com informações da Agência Estado -
A presença da ex-ministra Marina Silva na cerimônia de abertura da Olimpíada de Londres causou mal estar entre os ministros do governo de Dilma Rousseff
A participação pegou a todos de surpresa.
Entre as surpresas guardadas a sete chaves pelos organizadores dos Jogos estava a participação de Marina entre as personalidades mundiais para carregar a bandeira olímpica no estádio em Londres.
Apresentada como” líder e referência na luta pela proteção ao meio ambiente”, Marina não disfarçava o entusiasmo ao terminar de carregar a bandeira. “Levei ao estádio a mensagem de que a paz se faz com a proteção do meio ambiente”, disse em entrevista ao Estado.
Emocionada por ter sido acompanhada por milhões de pessoas pelo mundo, a brasileira confessou que não conseguia falar. Marina estima que levou para os Jogos a mensagem de que existe hoje no mundo “a possibilidade de quebrar com paradigmas de crescimento e estabelecer novos padrões”.
Marina levou a bandeira ao lado do secretário-geral da ONU, Ban Ki Moon,
do maestro Daniel Baremboin e de premios Nobeis da Paz.
Se na ala VIP Dilma teve de ficar de pé para aplaudir os atletas entrando no estádio, ao lado da filha, e foi mostrada por apenas alguns segundos, Marina ganhou os holofotes mundiais por vários minutos, enquanto desfilava com a bandeira. Marina revelou que só recebeu a confirmação de que seria convidada na última terça-feira.
Na quarta viajou para Londres e conta que foi mantida em um local discreto. “Ficamos concentrados. A ordem era sigilo total sobre como seria o evento”, contou. Segundo ela, nem Dilma, que representa o país anfitrião dos próximos Jogos de 2016, sabia de sua presença.
Ao passar por Mohamed Ali, Marina comoveu muitos ao lhe fazer um gesto de carinho. ‘Ele representa todo o esforço do mundo e a prova de que não há limites para a humanidade”, completou.
Para a brasileira, a relação entre a proteção ambiental e os Jogos é evidente. “As Olimpíadas se referem a uma competição que não gera uma perda traumática e é essa competição saudável que precisamos ter no mundo”, disse. “A ideia é a de que se pode conseguir harmonia e crescimento e usar o palco olímpico para passar essa mensagem é algo maravilhoso”, disse. (Jamil Chade, no Estadão)
Marina entrou carregando a bandeira com os anéis olímpicos juntamente com o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, o maestro argentino Daniel Barenboim e prêmios Nobel.
O convite partiu do Comitê Olímpico Internacional, sem o conhecimento do governo brasileiro, e foi mantido em sigilo. A ex-ministra é reconhecida internacionalmente por seu trabalho de defesa do meio ambiente.
O presidente da Câmara, Marco Maia, disse que a primeira reação foi de surpresa. Para ele, o COI deveria ter feito um melhor trabalho de comunicação com o governo brasileiro. "É óbvio que seria mais adequado por parte do COI e da organização do evento que houvesse um diálogo de forma mais concreta com o governo brasileiro para a escolha das pessoas", disse, sem deixar de reconhecer a importância do trabalho ambiental de Marina.
O ministro do Turismo, Gastão Vieira, só ficou sabendo da presença de Marina já no Estádio Olímpico. "Foi surpresa", disse o ministro da Ciência, Marco Antonio Raupp.
Para outro membro da delegação, que pediu para não ser identificado, o que o COI fez foi o equivalente a convidar um membro da oposição britânica para um evento no Brasil que tenha o governo de Londres como convidado especial.
Ao Grupo Estado, Marina explicou que só recebeu o convite na ultima terça-feira, dia 24. Sobre Dilma, insistiu em não criar polêmica, dizendo que "sentia orgulho" em ver a primeira presidente mulher do país na arquibancada do estádio olímpico.
Ontem, Dilma foi mostrada pelas câmeras oficiais por menos de cinco segundos, enquanto a entrada de Marina foi amplamente comentada, como representante da luta ambiental no mundo.
Delegação oficial brasileira ensaiou crise diplomática
A reação da delegação oficial brasileira foi de surpresa e certo constrangimento (pura inveja).
A nossa chancelaria reclamou que o COI deveria ter comunicado que Marina desfilaria. A presidente Dilma, com quem Marina teve desinteligências e a quem Marina debita a sua saída do Ministério do Meio Ambiente, engoliu o triunfo a palo seco.
Aldo Rebelo: "fazer o quê?"
O único que encaixou o capote com cortesia foi o ministro do Esporte, Aldo Rebelo que reagiu sucumbindo às circunstâncias: "Marina sempre teve boa relação com as casas reais da Europa e com a aristocracia europeia. Não podemos determinar quem as casas reais escolhem, fazer o quê?"
Planalto não pode apagar adversários como fazia Stalin
O COI é um comitê supranacional, e mesmo que não fosse, não é possível ao Brasil determinar quem deve ser escolhido para o que em eventos diversos, ou o PT vai agora querer fazer listas de convidados no mais perfeito estilo stalinista?