Maykon Aurélio Saturnino foi preso em flagrante em uma cobertura de luxo
No sábado (16), a mãe e a irmã do suspeito também foram detidas.
- Por Fernanda Burigo, do G1 SC com informações da RBS TV - O suspeito de ser um dos principais mandantes dos ataques em Santa Catarina foi preso na madrugada desta terça-feira em Florianópolis.
Maykon Aurélio Saturnino, que completa 29 anos nesta terça, foi preso em flagrante em uma cobertura de luxo por volta das 4h.
A operação foi comandada pelo delegado Akira Sato, da Delegacia de Investigação Criminal (Deic).
Até as 6h30 desta terça-feira, a Polícia Militar confirmava 111 ataques em 36 municípios catarinenses.
Assista à reportagem da TV RBS:
De acordo com Sato, Maycon é um dos principais responsáveis por efetuar a dinâmica dos ataques. "A prisão dele estava prevista para sábado, mas infelizmente não foi possível. Tínhamos indicativos que ele estava em um prédio no bairro João Paulo, mas não esperávamos aquele nível de condomínio, por isso também vamos investigar lavagem de dinheiro", afirma Sato. De acordo com o delegado, todo o prédio foi cercado às 2h. "Ele não tinha como fugir, até por ser uma cobertura muito alta. Então, às 4h ele se rendeu".
Maycon é cunhado de Rodrigo da Pedra, que comandava o tráfico no Morro do Horário e que foi transferido para um presídio federal no sábado (16), junto com outros 39 detentos. Também no sábado, a mãe e a irmã de Maycon foram presas suspeitas de envolvimentos com os ataques que ocorrem em Santa Catarina desde 30 de janeiro.
Segundo Sato, o suspeito foi preso em flagrante com munições de calibre não permitido e lança-perfume. Ainda na madrugada, ele foi encaminhado para a Deic.
"Ele deve permanecer lá, onde não há visita íntima, acesso a nada", afirma o delegado.
De acordo com a polícia, até está terça-feira, 72 pessoas foram detidas por estarem envolvidas com os atentados. O delegado da Deic acredita que até o final desta semana seja finalizada a primeira etapa de prisões.
Transferência de presosUma ação conjunta entre o governo de Santa Catarina e o Governo Federal transferiu 40 presos vinculados a facções criminosas para presídios federais por volta das 10h30 de sábado (16). Um avião partiu da Base Aérea de Florianópolis em direção a Mossoró (RN), onde ficarão 37 detentos, e Porto Velho (RO), destino de outros três. Dos 40 presos transferidos, 22 saíram do presídio São Pedro de Alcântara, na Grande Florianópolis.
Presos foram transferidos na manhã de sábado. Foto: James Tavares. Segundo a governo de Santa Catarina, também foram transferidos detentos de São José, Florianópolis, Joinville, Criciúma e Itajaí. Nos dias que antecederam a ação, o Departamento de Administração Prisional (Deap) já havia concentrado nessas unidades presos de outras regiões do estado para que fossem alvos desta transferência. Em entrevista coletiva na manhã deste sábado (16), o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, ressaltou que ainda poderão ser cedidas mais vagas em presídios federais.
Mandados de prisãoA Polícia Civil de Santa Catarina apresentou, no sábado (16), parte das pessoas presas na força-tarefa realizada nas últimas horas pela instituição no estado. Ao todo, a ação cumpriu 70 mandados de prisão dentre 97 expedidos pela Justiça.
Dos 70 mandados, 25 foram cumpridos com suspeitos que atuavam de fora dos presídios catarinenses. Os outros 45 mandados restantes envolvem presos, que, de dentro dos presídios, organizavam as ações que ocorriam do lado de fora. Entre os presos, estavam cinco advogados e familiares de criminosos que colaboravam com os atentados.
Entenda o casoA segunda onda de atentados em Santa Catarina começou na noite de 30 de janeiro, no Vale do Itajaí. Até as 8h desta segunda-feira (18), a Polícia Militar havia confirmado 111 ataques.
Veículos foram incendiados e foram disparados tiros e jogados coquetéis-molotovs contra prédios públicos.
As ocorrências foram registradas em 36 municípios: Navegantes, São José, Florianópolis, Criciúma, Itajaí, Palhoça, Camboriú, São Francisco do Sul, Laguna, Araquari, Gaspar, Joinville, Balneário Camboriú, Jaraguá do Sul, Maracajá, Ilhota, Tubarão, Chapecó, Indaial, Brusque, Blumenau, Garuva, Bom Retiro, São Bento do Sul, Rio do Sul, Porto União, São João Batista, São Miguel do Oeste, Içara, Imbituba, Guaramirim, Campos Novos, Balneário Rincão, Itapoá, Água Doce e Rio Negrinho.
O policiamento foi reforçado em todas as regiões. De acordo com a Secretaria de Segurança Pública, a suspeita é de que as ordens sejam comandadas por uma facção criminosa e partam de dentro dos presídios. As autoridades investigam a relação dos ataques com denúncias de maus-tratos no Presídio de Joinville e com transferências de detentos no sistema prisional do estado. Em Joinville e Florianópolis, são feitas escalas especiais de escolta para os ônibus do transporte coletivo.
Em novembro de 2012, quando aconteceu a primeira onda de atentados, durante sete dias foram confirmados 58 atentados em 16 municípios catarinenses. Os ataques cessaram depois do anúncio da saída do diretor da Penitenciária de São Pedro de Alcântara.