- Do Jornal do Senado - Comissão de senadores e deputados deve investigar relações entre Carlos Cachoeira, preso por exploração de jogo ilegal, parlamentares, agentes públicos e empresas
Uma comissão parlamentar mista de inquérito para apurar os desdobramentos da Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, deve ser instalada até a próxima semana, segundo informou Randolfe Rodrigues (PSOL-AP), ontem, após reunião dos líderes do Senado.
O senador relatou que o presidente da Câmara, Marco Maia, já havia manifestado o interesse dos deputados em formar comissão mista para o caso. Randolfe acrescentou que o líder do PT, Walter Pinheiro (BA), vai elaborar documento, a ser enviado à Câmara, com detalhes sobre como será a instalação da CPI.
— Como as lideranças da Câmara e do Senado decidiram de forma unânime pela CPI mista, ela, tacitamente, já existe — afirmou o líder do PSOL.
Sarney preside reunião em que líderes no Senado manifestaram preferência por CPI mista, em vez de uma em cada Casa. Foto Jonas Pereira.
O líder do PSDB, Alvaro Dias (PR), acrescentou que a comissão vai investigar também o envolvimento de agentes públicos e privados com supostas atividades ilegais, em especial as relações entre o senador Demóstenes Torres (sem partido-GO) e Carlinhos Cachoeira, preso por exploração de jogos ilegais. Para Alvaro, o Senado e a Câmara devem alternar os cargos de presidente e relator da comissão, mas há preferência pela relatoria. Ele reivindicou também equilíbrio entre governo e oposição na distribuição de cargos na CPI.
O líder tucano ainda salientou a importância de restaurar a credibilidade das comissões parlamentares de inquérito, para evitar investigações baseadas em "vazamentos seletivos", em que alguns nomes são incluídos e outros ficam de fora. Ele observou que a empresa Delta Construções, ligada a Cachoeira, recebeu R$ 4,1 bilhões do governo federal entre 2007 e 2012.
Randolfe destacou que a CPI mista será destinada à investigação da relação de parlamentares e servidores com Carlinhos Cachoeira, com a Delta Construções e com outras empresas que tenham praticado fraudes em licitações, podendo ser acrescentados novos nomes durante seu funcionamento. O senador reafirmou a necessidade de dar celeridade ao processo.
Walter Pinheiro pediu que o Supremo Tribunal Federal (STF) repasse ao Conselho de Ética do Senado — que decidiu ontem abrir processo por quebra de decoro contra Demóstenes — o inteiro teor da documentação existente sobre a investigação da Operação Monte Carlo.
Mário Couto (PSDB-PA) afirmou que a presidente Dilma Rousseff deve ser avisada das denúncias de participação de servidores do governo federal e disse temer que, nos próximos dias, parlamentares governistas desistam de assinar o requerimento de criação da CPI. Gim Argello (PTB-DF) destacou o apoio dos partidos do Bloco União e Força — PTB, PR e PSC.
Gim Argello é líder do Bloco União e Força, com 13 senadores
O senador Gim Argello (PTB-DF) comunicou ter sido escolhido líder do Bloco União e Força, que reúne PTB, PR e PSC. Composto por 13 senadores, o bloco tem como alicerces "os valores democráticos, humanistas e desenvolvimentistas", segundo Gim.
— A atividade política deve ser pluralista. Os partidos que têm ideias comuns devem se unir para que as vozes possam chegar fortes ao governo — afirmou.