Comissão de Ética do PMDB/DF se reúne para discutir processos contra filiados
Do Correio BrazilienseO PMDB esperou apenas as eleições passarem para tirar os esqueletos do armário. Nessa quinta-feira (4/11), às 19h, a Comissão de Ética da legenda se reuniu para discutir os processos abertos este ano contra seis filiados. Quatro se referem às investigações da Operação Caixa de Pandora e envolvem os deputados distritais Benício Tavares e Roney Nemer, além do ex-secretário de Educação José Luiz Valente e do ex-chefe de gabinete do ex-governador José Roberto Arruda (sem partido), Fábio Simão. Outros dois processos foram abertos contra o atual governador, Rogério Rosso, e a vice, Ivelise Longhi, sobre a postura adotada por eles no pleito deste ano.
A reunião durou pouco mais de meia hora e serviu para tratar do andamento dos processos e das intimações dos envolvidos. A presidente da comissão, Ludmila Ayres Costa, saiu da reunião sem dar entrevistas. Por meio da assessoria de imprensa da legenda, ela informou que as ações correm sob sigilo e nenhuma informação poderá ser repassada, por enquanto, a fim de preservar os nomes dos correligionários. Dos sete membros do grupo, cinco participaram do encontro. Outra reunião foi marcada para a próxima quarta-feira, às 18h, na sede regional do partido.
O relatório final da Polícia Federal sobre o suposto esquema de pagamento de propina foi entregue em 23 de agosto ao Superior Tribunal de Justiça (STJ). Dois dias depois, a Executiva do PMDB se reuniu e enviou o caso dos quatro membros para a comissão. Entre os peemedebistas investigados, dois foram poupados de processo interno: a deputada cassada Eurides Brito e o primeiro vice-presidente local da sigla, Odilon Aires.
O PMDB foi um dos últimos partidos a tomar providências sobre as denúncias de corrupção. Outras legendas como o DEM e o PSB forçaram a saída dos filiados citados na operação — que foi realizada há quase um ano. De toda sorte, a legenda conseguiu sair do processo eleitoral com a vitória ao lado de Agnelo Queiroz (PT) para o governo, mas com a redução das bancadas no Poder Legislativo. Para a formação da chapa nas eleições deste ano, a Executiva peemedebista se reuniu e decidiu, antes mesmo das convenções regionais, que o nome que disputaria o cargo majoritário seria o do próprio presidente, Tadeu Filippelli, o vice-governador eleito. Entretanto, Rosso e Ivelise decidiram desrespeitar a decisão dos dirigentes e se lançaram na disputa interna a fim de montar uma candidatura própria para o Palácio do Buriti.
Além de perderem nas convenções, os dois passaram a responder por processo ético. Ainda no primeiro turno, Rosso declarou publicamente apoio à adversária do partido, Weslian Roriz (PSC). Em direção contrária, a poucos dias do fim do segundo turno, Ivelise se voltou para o lado de Agnelo e, agora, será um dos nomes da transição de governo.
MEMÓRIADistritais suspeitosAs investigações da Operação Caixa de Pandora, da Polícia Federal, cita dez deputados distritais suspeitos de terem participado do esquema de pagamento de propina no governo de José Roberto Arruda (sem partido). Três deles não exercem mais o mandato: Leonardo Prudente (sem partido), Júnior Brunelli (sem partido) e Eurides Britto (PMDB). Os demais investigados são Benício Tavares (PMDB), Aylton Gomes(PR), Benedito Domingos (PP), Rôney Nemer (PMDB), Pedro do Ovo (PRP), Berinaldo Pontes (PP) e Rogério Ulysses (sem partido).
Entre o material captado pela PF estão vídeos, escutas ambientais, documentos e listas com os nomes dos parlamentares e de empresários. Os dados fazem parte do Inquérito nº 650 do Superior Tribunal de Justiça. Por sua vez, a Câmara Legislativa também promoveu a apuração das denúncias. O relatório final da CPI da Codeplan, apresentado em agosto, pediu o indiciamento apenas dos três ex-parlamentares e poupou os demais envolvidos. O documento, entretanto, ainda não foi publicado no Diário Oficial da Câmara. Em reunião realizada durante o segundo turno das campanhas eleitorais, os distritais resolveram deixar a publicação para depois do pleito, a fim de não ser utilizado politicamente.