- Do Correio Braziliense - Segundo Magno Malta, o irmão foi convidado para trabalhar no Dnit por sua capacidade técnica.
O deputado federal Valdemar Costa Neto (SP) não é o único parlamentar do PR com forte influência nas instâncias de decisão do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), uma autarquia com orçamento anual de R$ 14,6 bilhões e foco de denúncias de corrupção que derrubaram a cúpula do Ministério dos Transportes.
O senador Magno Malta (PR-ES) emplacou na sede do Dnit em Brasília — mais especificamente no quarto andar, onde fica a diretoria-geral do órgão — seu irmão Mauricio Pereira Malta na chefia da assessoria parlamentar da autarquia.
O parlamentar também indicou o titular da Diretoria de Infraestrutura Ferroviária (DIF), o delegado aposentado Geraldo Lourenço de Souza Neto. O Correio apurou que a DIF é uma área de influência de Malta. No fim de 2009, conforme dados disponibilizados pelo Dnit em seu site, estavam em vigência contratos para obras ferroviárias no valor de R$ 258,9 milhões, todos no âmbito da DIF.
Na relação dos integrantes da diretoria-geral, o nome do irmão de Magno Malta é o quarto no organograma, atrás apenas do diretor-geral afastado, Luiz Antonio Pagot, da chefe de gabinete e do assessor do diretor.
A nomeação de Maurício Malta para um cargo comissionado no Dnit foi publicada no Diário Oficial da União em 10 de setembro de 2007. Em 2 de outubro do mesmo ano, o Senado concluiu a votação e aprovou a indicação de Luiz Pagot para a diretoria-geral do Dnit.
O cargo ocupado pelo irmão do senador Magno Malta é do grupo de Direção e Assessoramento Superior 4 (DAS 4), cujo salário é de R$ 6,8 mil. Acima dessa função estão os cargos de DAS 5 e 6, com salários respectivos de R$ 8,9 mil e R$ 11,1 mil. A nomeação para o Dnit é a única de Maurício Malta no exercício de um cargo comissionado no Executivo federal.
ReticênciaO Correio tentou ouvir o chefe da assessoria parlamentar sobre o exercício da função no Dnit e sobre a indicação feita por seu irmão para o cargo. A secretária de Maurício Malta disse que ele não estava em Brasília e, depois, não deu retorno à reportagem.
A assessoria de imprensa do Dnit afirmou que Maurício “não quer falar”. O senador Magno Malta também manteve uma postura reticente. Não quis falar com a reportagem sobre o assunto. Segundo a assessoria de imprensa do parlamentar, Maurício é apenas um “terceiro escalão, sem influência, com mestrado em administração feito nos Estados Unidos”.
“A única coisa que ele faz (como chefe da assessoria parlamentar) é trazer documentos para os parlamentares”, disse o senador, por meio da assessoria. Ainda segundo o órgão de comunicação, Maurício é pastor evangélico e tem uma agência de publicidade em Vitória. “Ele foi convidado por sua capacidade técnica.”
A indicação de Geraldo Lourenço para a DIF seguiu a decisão da bancada do PR, conforme Malta. O diretor do Dnit tem o mesmo argumento. Ele sustenta que a indicação partiu do PR. Segundo Geraldo Lourenço, só quatro obras de contornos ferroviários, sob responsabilidade de sua diretoria, estão no Programa de Aceleração do Crescimento. “Duas paradas e duas em andamento.”