- Do O Globo - Foto:Ailton Freitas - BRASÍLIA - No segundo dia de funcionamento do Congresso e exatamente um mês após o início da crise nos Transportes, que já resultou na demissão de 28 pessoas no Ministério e no Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), a oposição conseguiu nesta terça-feira as 27 assinaturas necessárias para a criação de uma CPI no Senado.
Mas a instalação da CPI ainda é uma incógnita. Ainda nesta terça-feira à noite, o Palácio do Planalto usou sua força e conseguiu retirar a assinatura do senador João Durval (PDT-BA). Ainda na noite de terça-feira, senadores aliados informaram que o senador Reditario Cassol (PP-RO), suplente de Ivo Cassol, também voltou atrás e vai retirar a sua assinatura.Reditario foi o último a assinar o documento. Com a desistência de Reditário e do senador João Durval, a oposição contaria agora com apenas 25 assinaturas, número insuficiente para instalar a CPI. O governo, no entanto, teme que os senadores catarinenses Casildo Maldaner (PMDB) e Luiz Henrique (PMDB) assinem o requerimento. Por isso, o cabo de guerra para a instalação da CPI continua no Congresso.
Para justificar a retirada de sua assinatura, Durval disse que estava sendo pressionado pelos dois lados e preferiu ficar com o governo, já que seu partido da base aliada. O PDT tem o titular do Ministério do Trabalho, Carlos Lupi, além de ocupar dezenas de delegacias regionais. Da mesma forma, o PP do senador Cassol tem o Ministério das Cidades.
Também na terça-feira, outros dois senadores assinaram o requerimento para criação da CPI do Dnit : Zezé Perrella (PDT-MG) e Ricardo Ferraço (PMDB-ES). O senador Alvaro Dias (PSDB-PR) disse ainda que vai buscar mais uma adesão para dar mais segurança à criação da CPI.Os senadores Mário Couto, líder da Minoria no Senado, Aloysio Nunes(PSDB/SP), Paulo Bauer (PSDB/SC) e Lúcia Vânia (PSDB/GO): A gravidade das denúncias exige uma CPI!
Nesta terça-feira, mais três exonerações de diretores do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) foram publicadas no Diário Oficial da União. Foram demitidos José Henrique Coelho Sadok de Sá, diretor executivo, Geraldo Lourenço de Souza Neto, diretor de Infraestrutura Ferroviária, e Herbert Drummond, diretor de Infraestrutura Aquaviária. Além deles, também foi exonerada Nadja Tereza Monteiro de Oliveira, coordenadora-geral de Cadastro e Licitações e mais dois funcionários com cargos comissionados.
Para Alvaro Dias, pressão do governo é humilhação para os senadoresO senador Alvaro Dias (PSDB-PR) disse que a pressão pela retirada de assinaturas para a criação da CPI do Dnit é reveladora, tratando-se de uma humilhação para os senadores. Segundo ele, a pressão é degradante e a própria presidente Dilma Rousseff estaria ligando diretamente para alguns senadores para a retirada das assinaturas. Segundo ele, o ministro-chefe da Secretaria Geral, Gilberto Carvalho, e a ministra da Secretaria de Relações Institucionais, Ideli Salvatti, também telefonaram para os parlamentares.- Ela (Dilma) está com medo porque as falcatruas são maiores do que o já foi revelado - declarou Dias, acrescentando que isso indica que não há por parte do governo um propóisto de investigação.- A Dilma fala em limpeza, mas não tem autoridade para isso. O governo tem maioria no Senado, teria maioria na CPI. Por que o medo?- Estou impressionado com o desespero do governo. Isso mostra que a faxina que é uma farsa - disse Alvaro Dias.
O prazo para retirada de assinatura, segundo Dias, vence à meia-noite do dia em que o requerimento é lido no plenário. Ou seja, nesta quarta-feira.
Marco Maia diz que CPI do Dnit não pode paralisar o setor de infraestruturaO presidente da Câmara, deputado Marco Maia (PT-RS), afirmou que o funcionamento da CPI do Dnit não pode paralisar o setor de infraestrutura do país. Ele no entanto, defendeu a CPI como instrumento da oposição e disse esperar que ela possa propor ações que ajudem o país.- A CPI é um instrumento da oposição e serve mais para o debate político do que para apontar soluções. Nossa expectativa é a de que, sendo proposta, possa propor ações que ajudem o país a superar os entraves na área de infraestrutura. Todos sabemos que a infraestrutura é fundamental para o país ter crescimento. Esse setor não pode e não deve ser paralisado. Espero que a CPI não contribua para a paralisação desse setor - afirmou Marco Maia.
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