- Do G1 - João Dias Ferreira disse ter gravação que será 'nocaute' em Orlando Silva
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Após depoimento de mais de 7 horas, PM pediu proteção especial da PF, o policial militar João Dias Ferreira, que acusa o ministro do Esporte, Orlando Silva, de comandar um esquema de corrupção na pasta, afirmou que "entre 15 e 20 pessoas estão envolvidas" em desvios de recursos públicos da pasta repassados a ONGs.
Ele diz que apresentou os nomes aos delegados da Polícia Federal durante seu depoimento nesta quarta-feira (19), que durou mais de sete horas e meia na Superintendência da corporação no Distrito Federal.
Ao sair, por volta das 22h50 desta noite, ele não apresentou em público as supostas provas. "Eu não posso detalhar o que nós trouxemos de novidade hoje, sob pena da lei. Mas continuo confirmando tudo que eu disse até agora sobre o sistema operacionado [sic] pelo PC do B".
Em depoimento no Senado nesta quarta, Orlando Silva repetiu que "não houve, não há e nem haverá" provas de seu suposto envolvimento (leia abaixo).
O policial João Dias Ferreira, após depoimento na PF sobre acusações ao ministro do Esporte, Orlando Silva (Foto: Felipe Neri/G1).
João Dias diz que os supostos envolvidos são integrantes do primeiro e segundo escalões do Ministério do Esporte, além de membros de ONGs. Todos, segundo ele, deverão ser convidados para prestar esclarecimentos na próxima semana. A PF não se manifestou.
Ainda de acordo com Dias, foram apresentadas à PF trechos de gravações de áudio que mostram a participação de quatro pessoas da alta cúpula, cujos nomes também não revelou. Na próxima segunda-feira (24), João Dias disse que irá apresentar à PF o conteúdo completo da gravação.
O policial disse que a peça será o "nocaute final" no ministro. "Eu afirmo e reafirmo: existe um esquema de corrupção dentro do ministério", enfatizou.
João Dias disse que pediu proteção especial da Polícia Federal, oferecida na terça (18) pelo Ministério da Justiça a pedido do PSDB.
Denúncias
João Dias Ferreira é o pivô das denúncias contra Orlando Silva, publicadas em reportagem da revista "Veja" do último fim de semana. Em entrevista, ele disse que o ministro teria recebido um pacote com notas de R$ 50 e R$ 100 na garagem do ministério.
O policial foi preso no ano passado na Operação Shaolin, deflagrada pela Polícia Civil do DF para investigar fraudes no programa Segundo Tempo, destinado a promover o esporte em comunidades carentes. As ONGs de João Dias, relacionadas ao kung-fu,
são suspeitas de desviar R$ 2 milhões de convênios assinados em 2006 com o Ministério do Esporte, época em que era ministro Agnelo Queiroz (PT) atual governador do Distrito Federal.
Defesa
Em audiência no Senado nesta quarta, Orlando Silva reiterou que "não houve, não há e não haverá provas" de seu suposto envolvimento. "Desafio que sejam apresentadas provas", disse. Afirmou ainda que a denúncias sobre recebimento de propina é uma tentativa de tirá-lo à força do ministério. "O que se pretende é tirar um ministro de Estado, do governo, no grito", declarou.
Orlando negou a existência do esquema e disse que, nos casos em que foram detectados irregularidades, o ministério solicitou a devolução da verba. Ele afirmou ainda que o programa Segundo Tempo possui regras, critérios técnicos, acompanhamento e fiscalização de contas.
O ministro também falou sobre o processo na Justiça Federal contra João Dias, acusado de desvios de recursos do Ministério do Esporte repassados por meio do programa Segundo Tempo a duas ONGs pelas quais ele é responsável.
"Vamos exigir a devolução de cada centavo que esse delinquente desviou", disse o ministro ao se referir ao policial. Silva voltou a dizer que se encontrou com João Dias "somente uma vez a pedido de Agnelo Queiroz [governador do Distrito Federal]". Ele disse considerar o governador "uma pessoa honrada".